Projeto para pequenas usinas de biodiesel já começa a ser definido no Paraná
O projeto idealizado pelo governador Roberto Requião de tornar viável a implantação de unidades de pequeno porte para produção de biodiesel em pequena escala envolvendo a agricultura familiar começa a ter o perfil delineado.
Conforme os estudos conduzidos por um grupo de trabalho coordenado pela Copel e que ainda estão em andamento, a configuração mais indicada é uma planta-piloto processadora de grãos, alimentada inicialmente com soja, com capacidade de produzir 5 mil litros de biodiesel por dia e 126 toneladas diárias de ração animal produzidas a partir da torta de soja e milho, atendendo a cerca de 2 mil famílias de agricultores.
Os estudos desenvolvidos recomendaram que o empreendimento seja desenvolvido na forma de um projeto de pesquisa e desenvolvimento, em conjunto com cooperativas da região escolhida.
Os trabalhos também confirmaram a região sudoeste do Paraná como a mais adequada para receber um empreendimento experimental dessa natureza e, principalmente, indicaram a necessidade de intensa participação de entidades estaduais como a Secretaria da Agricultura, Secretaria da Ciência e Tecnologia, Iapar, Tecpar, Emater e Ipardes, além da própria Copel, bem como cooperativas e associações de produtores rurais e cooperativas de crédito.
"Com a queda dos preços internacionais do petróleo, a questão da viabilidade econômica do biodiesel fica um pouco opaca", afirmou Requião. "Mas, de toda sorte, precisamos adquirir e desenvolver tecnologias para viabilizar os nossos agricultores".
EDITAL - O estágio atual de desenvolvimento dos trabalhos para implantação desta unidade de pequeno porte para produção de biodiesel foi apresentado na Escola de Governo desta terça-feira (27), em Curitiba, pelo diretor de engenharia da Copel, Luiz Antonio Rossafa.
Ele informou que estão bem encaminhadas as negociações com as cooperativas e associações de produtores rurais, que estão a cargo da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento e que, brevemente, a Copel deverá finalizar as especificações técnicas a serem incluídas no edital de licitação para compra dos materiais e equipamentos da usina-piloto.
"Estamos bastante otimistas quanto ao sucesso do experimento", afirmou Rossafa. "O desafio que nos foi proposto pelo governador é interessante e inteligente, porque propiciará o surgimento de novos interesses e oportunidades no âmbito da agricultura familiar, incrementando sua renda".
Uma dessas oportunidades - o aproveitamento da glicerina resultante do esmagamento das oleaginosas - motivou Requião a encarregar o secretário da Indústria e Comércio, Virgílio Moreira Filho, de realizar uma pesquisa sobre as potencialidades de mercado desse material. "A glicerina é um subproduto da produção do biodiesel que, caso não seja tratada, pode se transformar em fator de risco ambiental", disse o governador.
"Mas uma vez refinada e concentrada, passa a ter valor como matéria-prima industrial para dezenas de produtos", justificou Requião. A instalação de uma unidade de destilação da glicerina associada à planta de biodiesel é uma das alternativas cuja viabilidade está sendo estudada pela Copel.
ARRANJO - O arranjo apontado como o de maior potencial de viabilidade até o momento prevê a produção de biodiesel a partir da soja, como ponto de partida. "Não excluímos a possibilidade de uso de outras variedades de grão, mas a soja é a cultura que está mais estruturada e que apresenta a maior disponibilidade", explicou Luiz Antonio Rossafa.
No arranjo proposto pelas entidades, a unidade de biodiesel vai processar 36 toneladas diárias de soja e produzir 5 mil litros de combustível, além de 126 toneladas diárias de milho para produzir ração animal, tudo para uso e consumo das 2 mil famílias de agricultores alcançadas pelo experimento.
"Não detectamos viabilidade na comercialização desses produtos no mercado, principalmente em razão da pequena escala do projeto", esclareceu o diretor de engenharia da Copel. "A experiência mostra ser viável para atender aos próprios participantes e, mais ainda, caso eles consigam estabelecer uma cadeia de produção que agregue produção de óleo vegetal, biodiesel, ração animal, carnes e leite", completou.
O governador Roberto Requião já deixou agendada para o final de fevereiro uma nova apresentação sobre o andamento e avanços do projeto paranaense de biodiesel em pequenas propriedades rurais.