Petrobras forma megaestrutura para biodiesel
A Petrobras está finalizando a montagem de uma megaestrutura para atender à demanda adicional de biodiesel, que vai surgir com a obrigatoriedade de acrescentar 2% do produto ao diesel mineral. A Transpetro , braço da estatal para transporte, por exemplo, já enviou à Agência Nacional de Petróleo (ANP) informações e projetos para implantação de 21 tanques de biodiesel em nove portos, distribuídos pelos Estados de Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo.
Com iniciativas desse porte, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli , garante que o mercado estará abastecido para atender à exigência que começa a valer já no início de 2008.
"A questão da distribuição está sendo equacionada. Até 13 de janeiro de 2008 o biodiesel é voluntário. Depois disso é que é obrigatório. Houve problemas como o da especificação que as produtoras não eram suficientes para atender. Em outros momentos, a nossa logística de recolhimento teve problemas, mas isso já se adaptou ao mercado", garantiu Gabrielli ao DCI.
Segundo a BR Distribuidora , empresa do grupo que cuida da logística, hoje já são 5.532 postos de serviço com a bandeira da empresa e 4.112 grandes clientes, em todos os estados, que recebem o chamado B2. O planejamento estratégico da Petrobras estabelece como meta a ser atingida em 2011 a disponibilização de 885 milhões de litros de biodiesel por ano.
Unidades próprias este ano
Com o objetivo de alcançar esse patamar, além de pelo menos dez usinas privadas, que fornecem o produto hoje, a empresa está implantando suas primeiras unidades industriais de produção de biodiesel em Candeias (BA), Montes Claros (MG) e Quixadá (CE). Por ano, as três usinas produzirão 171 milhões de litros de biodiesele deverão ser inauguradas até o fim de 2007.A Petrobras ainda estuda outros projetos em diversas regiões do País, em parceria com diferentes investidores, de grandes grupos econômicos a cooperativas de trabalhadores rurais.
Atualmente a estatal desenvolve, em duas usinas experimentais instaladas no Pólo industrial de Guamaré, no Rio Grande do Norte, duas rotas de produção: uma a partir do óleo vegetal e gordura animal e outra diretamente dos grãos das oleaginosas.
Segundo a empresa, o fornecimento dos grãos de oleaginosas para as unidades experimentais de biodiesel gera empregos e renda para cerca de 2.500 famílias de agricultores. A Petrobras priorizou a obtenção do biodiesel a partir da mamona, que é cultivável em várias regiões do País, sendo pouco exigente em solo e água, além de ser cultura não comestível, intensiva em mão-de-obra.
Na parte operacional, segundo a BR Distribuidora, foi traçado um plano de adequação da rede de bases e terminais. Até o fim deste ano, serão investidos R$ 35 milhões na adequação das instalações para trabalhar com o biodiesel.
A empresa teve que montar uma estrutura logística completa para o produto, a partir da coleta junto às usinas produtoras em todo o País. Até dezembro, serão mais 15, passando pela armazenagem e pelos equipamentos de mistura, até a expedição aos clientes finais.
Contudo, algumas usinas reclamavam da morosidade no recolhimento do biodiesel. Gabrielli admite que houve alguns contratempos no início, mas que aos poucos a distribuição está se normalizando. Segundo ele, para atender melhor os produtores, houve uma otimização da logística de distribuição da estatal.
"É importante lembrar que o uso do biodiesel ainda não é obrigatório e, por isso, apenas a BR e algumas empresas menores estão distribuindo biodiesel. A partir do momento que se tornar obrigatório, todas as distribuidoras vão fazer esse trabalho e aí os problemas de logísticas desaparecerão", sublinhou.
O diretor executivo da União Brasileira de Biodiesel (Ubrabio), Sérgio Tadeu Cabral Beltrão, diz que os problemas de distribuição foram pontuais. Para ele, é natural que um produto novo tenha um período de adaptação.
Pierre Baldez