Pesquisadores mexicanos visitam projetos com pinhão-manso da Embrapa
Quatro pesquisadores do Instituto Nacional de Investigaciones Forestales, Agricolas y Pecuarias (INIFAP) do México estão no Brasil, de 31 de janeiro a 4 de fevereiro, para conhecer o estágio das pesquisas com pinhão-manso (Jatropha curcas L.)e estabelecer projeto de cooperação com a Embrapa. Além das visitas, foi discutido o contrato de colaboração técnico-científica específica de pinhão-manso entre a Embrapa e o INIFAP, do qual ficou definido a parte técnica.
A visita é uma retribuição de outra realizada por pesquisadores da Embrapa ao México em setembro de 2010, quando foi iniciada a discussão de realizar, em conjunto, o desenvolvimento de cultivares de pinhão-manso com elevada produtividade em grãos e cuja torta seja não-tóxica.
A missão mexicana é composta pelos pesquisadores Felipe Legorreta Padilla, Alfredo Zamarripa, Alfredo Gonzales Avila, Víctor Pecina Quintero, que trabalham em diferentes Centros de Pesquisa do INIFAP, que estão conhecendo os trabalhos em execução em quatro unidades da Embrapa: Agroenergia, Cerrados, Recursos Genéticos e Biotecnologia em Brasília (DF) e Agropecuária Oeste, em Dourados (MS).
Programação
Na segunda-feira, 31, o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola, apresentou o projeto “Pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) em pinhão manso (Jatropha curcas L.) para a produção de biodiesel” liderado por ele. “Esse é um dos principais projetos de pesquisa com pinhão-manso em execução no Brasil”, salienta Laviola. É parcialmente financiado pela FINEP e tem a participação de dezesseis unidades da Embrapa, seis universidades públicas e privadas e uma instituição estadual de pesquisa. Na opinião de Laviola, a colaboração com o INIFAP é importante para ampliar a variabilidade genética do materiais a ser usados no programa de melhoramento, o que aumenta a possibilidade de sucesso do projeto.
Neste mesmo dia, a comitiva conheceu o Laboratório de Genética Vegetal, onde foram discutidos aspectos da caracterização molecular dos materiais de pinhão-manso que será realizada no projeto, e o de Cultura de Tecidos da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Neste Laboratório, o pesquisador João Batista Teixeira demonstrou interesse em desenvolver métodos de multiplicação rápida para a oleaginosa, usando biorreatores.
Na Embrapa Cerrados, os visitantes conheceram o Banco de Germoplasma de pinhão-manso, que tem 220 acessos coletados em diferentes regiões brasileiras. Implantado em 2008, esse Banco tem servido para diversos estudos, além da caracterização da variabilidade genética e a seleção de genótipos mais produtivos, que serão usados no projeto de cooperação com o México. Também foram apresentados, pelos pesquisadores Nilton Junqueira, Leo Carson e Julio Albrecht, os trabalhos desenvolvidos pela Unidade em agroenergia.
Para completar a visita ao Brasil os mexicanos estão, até sexta-feira, na Embrapa Agropecuária Oeste. Neste Centro de Pesquisa estão instalados cerca de 30 experimentos distintos com pinhão-manso. A comitiva está interessada em conhecer e discutir as metodologias que serão utilizadas no projeto conjunto. Além disso, terão oportunidade de conhecer um plantio comercial de pinhão-manso, que já está em implantação na Fazenda Paraíso, também situada em Dourados (MS).
Pinhão-manso no México
No México existe uma grande diversidade genética de pinhão-manso. O INIFAP também iniciou a implantação de um banco com 400 genótipos de diversas zonas agroecológicas do País, como parte do processo de seleção de variedades que tenham potencial para utilização, tanto para a produção de biodiesel, quanto para o aproveitamento da torta como ração animal. Atualmente a utilização para os animais não é possível, por que o pinhão-manso contém ésteres de forbol que o tornam tóxico. Em relação à presença dos ésteres de forbol na torta do pinhão-manso, a Embrapa e o INIFAP estão em busca de materiais genéticos que não contenham os compostos tóxicos.
O Coordenador Nacional de Investigação e Inovação em Bioenergéticos do INIFAP, Alfredo Zamarripa, demonstrou grande interesse em ampliar a cooperação com o Brasil, tendo proposto o desenvolvimento conjunto de cultivares. “A partir da diversidade genética dos materiais encontrados no Brasil e no México poderemos produzir, em um prazo de 4 a 5 anos, materiais híbridos que tenham características adequadas ao cultivo em ambos os países”, destaca.
Negociação da parceria
A continuidade da parceria prevê a assinatura do acordo entre a Embrapa e o INIFAP. O Chefe de Comunicação e Negócios da Embrapa Agroenergia, José Manuel Cabral explica que os entendimentos levarão em conta as questões de propriedade intelectual e direitos de melhorista relativos aos cultivares lançados. “O contrato em negociação irá impulsionar as pesquisas e trará segurança quanto às etapas de comercialização”, conclui Cabral.
Daniela Garcia Collares