Perfil: Ronaldo Mota

Prestigiado pelo seu trabalho na área da física e por ter contribuído para o desenvolvimento científico e tecnológico do país, Ronaldo Mota agora recebe o título de comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico

Contribuição reconhecida

Há pouco menos de um ano Ronaldo Mota assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Na pasta exerce funções estratégicas na execução do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB).  Em suas mãos está uma das mais nobres missões no atual contexto deste jovem setor, tão dependente de pesquisas. Cabe a ele e a sua equipe estimular a base tecnológica existente no país para que, de forma articulada, ela possa produzir e difundir o conhecimento, garantindo assim o sucesso da introdução do biodiesel na matriz energética nacional.

Segundo o secretário, a pasta tem trabalhado para direcionar com mais eficácia os investimentos públicos na busca por soluções para os principais desafios tecnológicos da cadeia produtiva. Uma das referências para a avaliação geral desse trabalho foi o terceiro Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia em Biodiesel (RBTB), realizado em novembro do ano passado. Na ocasião foram apresentados e discutidos 484 artigos técnico-científicos, mostrando um panorama bastante promissor para o futuro do programa de biodiesel. “Podemos afirmar que a produção e a transferência de conhecimentos no setor estão maduros”, diz.

A nomeação de Mota para o cargo de secretário de Desenvolvimento Tecnológico veio após uma notória trajetória acadêmica e administrativa.  Em reconhecimento a esta atuação, no último dia 09 de março ele foi indicado para receber o título de comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico do ano de 2008, que reconhece personalidades nacionais e estrangeiras de destaque nas áreas de ciência e tecnologia. Junto com Mota, que teve destaque na área da física, também foram indicados outras 34 personalidades que se destacaram em outras áreas da ciência. Modesto, Mota diz não saber exatamente o motivo desta indicação. “O que posso dizer é que tenho me dedicado com todas as minhas forças tanto à ciência como à gestão da produção do conhecimento”. 

Tradicionalmente a entrega da comenda é feita no mês de julho, mas não há data confirmada, pois depende da agenda do presidente Lula, a quem cabe prioritariamente a entrega das comendas. “Fico muito honrado pela indicação. Na verdade, tenho uma sensação de dever cumprido, ao mesmo tempo que observo o quanto ainda precisa ser feito. É sim um orgulho ter contribuído com uma pontinha de tudo o que se fez coletivamente na área da educação, ciência, tecnologia e inovação nos anos recentes”, diz.

Mota se graduou em Física pela Universidade de São Paulo, fez mestrado na Universidade Federal da Bahia, doutorado na Universidade Federal de Pernambuco e pós-doutorados na University of British Columbia-Canadá e na University of Utah. Ele é professor titular da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, desde 1985, e foi cedido pela instituição ao governo federal em 2004. Foi então secretário Executivo do Conselho Nacional de Educação, ministro da Educação interino, assessor especial no ministro da Ciência e Tecnologia, secretário da Educação Superior e secretário Nacional de Educação a Distância, onde contribuiu com tecnologias educacionais inovadoras.

Mesmo atuando em cargos administrativos de confiança em Brasília desde então, ele não se afastou da vida acadêmica. Tem trabalhado com simulação e modelagem de materiais nano estruturados e publicado nesse período vários artigos na área de Funcionalização de Nanotubos de Carbono. Além disso, também tem cooperado na orientação de mestres e doutores nos programas de pós-graduação em física.
 
Agora com o fim do governo Lula, Mota deve retomar suas atividades permanentes na UFSM. A volta “ao bom e necessário cotidiano” da vida acadêmica será feito, nas palavras dele, “com muito prazer”.

Nesse caminho de volta ele conta que vai levar na bagagem muitas experiências acumuladas nesses seis anos de vida pública. A maior delas, segundo ele, foi a possibilidade de conhecer o Brasil. “Definitivamente, não há livro em que esteja escrito e não existem bibliotecas que contemplem aquilo que aqui se aprende sobre a nação. Brasília tem suas virtudes e defeitos, mas proporciona uma perspectiva do todo. Dá para ter noção do tamanho e da grandeza do país”, conclui.


Ronaldo Mota profere palestra no auditório do CETEM


Ronaldo Mota em palestra no seminário Motores do Desenvolvimento o Sistema Brasileiro de Tecnologia

Alice Duarte
BiodieselBR.com