Organizações globais pedem fim de incentivos aos biocombustíveis
BRUXELAS - Os governos devem cortar as políticas de apoio aos biocombustíveis porque elas têm pressionado os preços dos alimentos no mundo, de acordo com um relatório assinado por dez entidades internacionais, incluindo o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio.
"Se os preços do petróleo estiverem altos e o valor de um produto agrícola no mercado de energia for superior ao do mercado de alimentos, as colheitas serão desviadas para a produção de biocombustíveis, o que aumentará o preço dos alimentos", afirmou o relatório.
"As variações no preço do petróleo podem ser abruptas e causar uma volatilidade cada vez maior no preço dos alimentos", disse o relatório, que também envolveu especialistas do Programa Alimentar Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
Os biocombustíveis absorveram cerca de 20 por cento da produção da cana-de-açúcar em 2007-2009, 9 por cento das sementes oleaginosas e dos cereais secundários e 4 por cento da beterraba, indicou o relatório.
O documento, no entanto, não levou em conta que os subprodutos do biocombustível podem ser usados para suplementar a alimentação animal, mitigando de certa forma o impacto sobre os estoques de alimentos.
A preocupação maior com relação aos biocombustíveis ocorre na Europa, que revisou a sua meta de 10 por cento para os biocombustíveis para 2020 a fim de levar em conta o impacto sobre o uso da terra.
Os produtores de azeite de dendê da Malásia e da colza europeia deverão ser os maiores perdedores nessa revisão, afirmam autoridades da União Europeia.
"Os subsídios à produção de biocombustível de primeira geração reduzem os custos de produção do biocombustível e, portanto, aumentam a dependência dos preços das plantações ao preço do petróleo", afirmou o relatório, preparado a pedido dos líderes do Grupo das 20 maiores economias, o G20.
Por Charlie Dunmore