Óleo de cozinha para fazer combustível e sabão
Da frigideira para o ônibus da seleção brasileira. Esse caminho será percorrido pelo óleo gerado nas cozinhas de Johanesburgo, maior cidade sul-africana, durante a Copa do Mundo. O exemplo de reaproveitamento do resíduo na produção do biodiesel foi apresentado, ontem, durante o II Seminário de Biodiesel, realizado até hoje, no Mar Hotel, em Boa Viagem. Com isso, o Brasil já garantiu destaque na competição.
No estado, a Asa fabrica sabão utilizando óleo coletado por parceiros, como a Escola Fazer Crescer. Foto: Helder Tavares/DP/D.A Press
Desta vez, no quesito sustentabilidade. Os gols serão marcados tanto pelo uso de um combustível mais limpo como pela destinação final correta do óleo. Mas, para isso, não é preciso ir tão longe. Um projeto de coleta e produção de sabão vem crescendo no estado com a participação de escolas, restaurantes e outros estabelecimentos.
A produção de biodiesel com óleo de cozinha para o transporte da equipe brasileira faz parte do projeto Bioplanet World Cup, desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), empresa Biotechnos e Instituto Ideal. Segundo o coordenador do projeto, Vinícius Puhl, a primeira usina de geração de biodiesel está em construção em Johanesburgo, onde a seleção fará os primeiros jogos. Mas a intenção é manter o combustível limpo na Copa de 2014, no Brasil, com a meta de instalar 25 usinas nos estados que sediarão o mundial. Para isso, ainda neste semestre, projetos piloto serão iniciados no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. "Apresentaremos os resultados alcançados nessas usinas aos outros estados. A ideia é que todos o adotem", esclareceu, acrescentando que tem uma audiência, hoje, na Prefeitura de Olinda.
A coordenadora do departamento de química da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Claudia Bejan, destacou que 20 usinas autorizadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) já utilizam o óleo de cozinha na produção do biodiesel. A pesquisadora destacou que o reaproveitamento do óleo proporciona dois grandes benefícios ao reduzir a quantidade de CO2 na atmosfera (gás carbônico emitido pelo diesel) e retirar o metano domeio ambiente (pelo aproveitamento do óleo de cozinha). "A decomposição do óleo que chega aos rios ou fica em tubulações produz gás metano que é até quatro vezes mais poluente do que o CO2", ressaltou.
Projeto - Essa "química" começou a ser ensinada para estudantes de algumas escolas através de uma parceria com a indústria ASA, que produz sabões em barra com o resíduo. Eles são os novos parceiros do projeto que tem cerca de 750 participantes, na maioria grandes estabelecimentos, como hotéis, restaurantes e bares. A empresa pesa o óleo coletado e repassa o valor em dinheiro para a Fundação Alice Figueira de Apoio ao Imip. Com o produto, ela faz sabões especiais, compostos por 15% de óleo de cozinha. O Colégio Fazer Crescer, no Rosarinho, entrou para o projeto há uma semana e os pais e alunos já estão animados. "Nossos pontos de reciclagem ficam no muro para facilitar a entrega", contou a diretora Gláucia Lira. Antes de coletar o material, a indústria faz um trabalho de educação ambiental com os alunos e garante: nunca mais as batatas fritas serão vistas da mesma maneira.