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MS: Biodiesel injetará US$ 134 milhões em Maracaju


Correio do Estado - MS - 24 out 2007 - 09:57 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Com investimentos de US$ 134 milhões, começa o processo de instalação das duas primeiras indústrias de biodiesel em Mato Grosso do Sul, no município de Maracaju.  Na primeira semana de outubro, o grupo empresarial Brasilinvest solicitou o Termo de Referência ao Ibama, para que sejam definidos quais os estudos necessários para permitir a instalação das indústrias.  A construção da primeira usina tem início ainda em 2008 e a produção inicia-se no final de 2009, com estimativa de consumo de 550 mil toneladas de grãos/ano (soja e girassol).  A segunda indústria será construída antes de a primeira começar a produzir.

Os projetos apresentados no ano passado, relativos à instalação de pelo menos quatro grandes indústrias esmagadoras não se concretizaram.  O economista Dalton Melo explica por que os projetos não decolaram.  "No ano passado, a idéia de que teríamos instalada em Mato Grosso do Sul uma série de empresas acabou não se realizando.  E hoje não temos um cenário muito diferente.  O que ocorreu é que o grão, no caso a soja, valorizou em torno de 70% e algumas empresas se viram obrigadas a refazer todos os seus projetos".

De acordo com Dalton, as indústrias que estavam com projetos baseados apenas em esmagamento de soja, porém, com os preços em elevação, viram-nos tornarem-se inviáveis, pelo alto preço dessa oleaginosa para produzir biodiesel.  Hoje, nos últimos leilões da Petrobras, o preço oferecido pelo litro de biodiesel é de R$ 1,80.  Dalton destaca que hoje produzir óleo custa em torno de R$ 1,70, e somado ao transporte e margem de lucro, jogaria o preço final acima de R$ 2.

Por conta desse impasse, o grupo Brasilinvest resolveu implantar duas usinas de biodiesel em Maracaju, porém, não contempla apenas comprar o óleo bruto e transformar, mas também fazer todas as etapas de produção de pelo menos duas oleaginosas: a soja e o girassol.  Desse modo, o produto torna-se viável.  Para isso, seria necessário plantar uma área em torno de 170 mil ha, mas como o girassol pode ser plantado na safrinha, no descanso da soja, a área cai para 80 mil ha.

"O grupo Brasilinvest pretende esmagar 550 toneladas de grãos/ano, sendo 50% soja e 50% girassol e já desenvolve processo para isso.  O produtor vai vender a produção para a indústria, que vai buscar no local.  O produtor terá um preço menor, mas vai ter a vantagem de não ter de pagar o frete e no fim das contas, ganhará mais", diz Dalton.

O esmagamento do girassol comprado em Maracaju terá custo aproximado de US$ 300/t.  "Vamos ter um custo mais baixo, juntando com a matéria-prima, ficará em torno de R$ 1,10 a R$ 1,20 o litro, mais impostos e frete, mesmo assim, teríamos um produto competitivo.  A Petrobras tem intenção de colocar o litro de biodiesel a R$ 0,90, mas ainda é inviável.  A solução é encontrar oleaginosa com custo menor que a soja".

Há também a necessidade de aprimorar o rendimento do girassol.  O economista frisa que na Argentina, o rendimento é de 51% de óleo/t; já no Brasil não ultrapassa 44%, mas mesmo assim, o óleo é mais que o dobro do extraído da soja.  Também na Argentina foi desenvolvida uma variedade de girassol que afasta os pássaros e isso aumenta o rendimento, que é em torno de 3,75 toneladas/ha.  Aqui no Brasil não ultrapassa 2 toneladas/ha.

Dalton cita a oleaginosa crambe abyssinica, que ainda está em estudos mas já foi registrada pela Fundação MS e deverá chegar ao produtor dentro dos próximos quatro anos, com custo do ha mais baixo.  Existe grande variedade de crambe, porém, ainda está em estudo para que seja apurado o teor de óleo e a possibilidade de produção em larga escala.

Vera Halfen