Milho e soja devem puxar recuperação
Consenso entre os analistas especializados em agronegócios é que neste ano haverá recuperação de preços. Se não subirem, pelo menos não cairão.
"2010 não será de queda de preços, mas de uma recuperação discreta. Todos os produtos têm boas perspectivas com a retomada de demanda física, que dá sustentação ao preço futuro", diz Amarilis Romano, analista da Tendências Consultoria. Ela aponta que a demanda internacional por carne é um bom indicativo de preços para milho, por exemplo, já que entra na alimentação do gado.
Por enquanto, a sinalização de exportação é fraca - segundo os dados da Secex, o volume de carne bovina exportada em dezembro caiu 0,9% em relação a novembro. Já o petróleo dá direcionamento ao preço da soja. Ainda assim, os grãos podem traçar trajetória independente.
"Milho e soja tendem a retomar o preço porque não atendem somente à demanda de alimentos, mas também de energia alternativa", destaca Leonardo Menezes, da consultoria especializada Céleres, lembrando a busca americana por independência energética, por meio do etanol e do biodiesel. "Por isso mesmo, esses produtos trazem maior liquidez para o investidor, que pode comprar um contrato futuro e sair quando bem entender."
A visão é compartilhada pelo gestor da Sparta, Ulisses Nehmi, que aumentou a exposição dos fundos nos grãos. "Vemos uma demanda bem forte nos Estados Unidos para etanol e de maneira geral como alimento, especialmente na Ásia", diz Nehmi.
Na projeção da Sparta, o contrato de soja em Chicago pode atingir US$ 12 por bushel (27,22 kg). O grão bateu recorde histórico em julho de 2008, quando alcançou US$ 16,58, caindo a US$ 7,84 em dezembro daquele ano. No final de 2009, ficou em US$ 10,4.
Já para o milho, a projeção da Sparta é de US$ 4,70 por bushel (25,40 kg). O preço do grão em Chicago em junho de 2008 bateu em US$ 7,54, caiu para US$ 2,94 em dezembro daquele ano e fechou 2009 apontando retomada, a US$ 4,15 por bushel.
Para Fábio Silveira, da RC Consultores, trabalhar com estabilização de preços neste ano pode ser mais realista. "Vejo o preço da soja andando de lado, mas o milho que está com o preço muito deprimido pode ter alguma recuperação no segundo semestre", avalia. "Mas a evolução do ritmo de retomada econômica mundial ainda é bastante frágil", alerta.