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Microalga de esgoto pode virar biodiesel


Folha de S. Paulo - 08 nov 2010 - 07:13 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:14

Pode-se dizer que a tecnologia desenvolvida pelo engenheiro ambiental Aderlânio da Silva Cardoso, da Universidade Federal de Tocantins, é duplamente verde: além de desembocar num combustível renovável, ela ainda aproveita resíduos que, sem esse uso, seriam simplesmente descartados.

Quando ainda era estudante de graduação, ele conseguiu produzir biodiesel a partir de algas usadas para tratar esgoto numa estação da cidade de Palmas. Elas seriam lançadas num córrego nas proximidades.

A ideia lhe rendeu o 3º lugar numa das categorias do prêmio Jovem Cientista, um dos mais importantes do país na área, e R$ 7.000 no bolso.

As microalgas são produtoras de lipídeos (moléculas de gorduras), substâncias comumente utilizadas na obtenção de biodiesel. "Ao todo, 16% da composição dessas algas é óleo", conta.

Disso, já se sabia. Mas o processo de extração do óleo dessas algas microscópicas foi uma novidade.

Elas foram coletadas e submetidas a uma mistura de solventes orgânicos para que o seu óleo se separasse. O que resta de água é evaporado e, então, o biodiesel pode ser produzido.

O processo ficou bem mais barato do que aqueles que precisam cultivar as microalgas e necessitam de equipamentos como centrifugadoras, tanques e reatores para produzir o biodiesel.

"Há pouca literatura nacional, e a maioria das hipóteses pesquisadas teve o uso de metodologias estrangeiras para produzir biodiesel de algas", explica Cardoso.

QUALIDADE VEGETAL
Além de mais barato, e de usar aquilo que seria jogado fora, o biodiesel das microalgas é uma alternativa ao óleo vegetal. Atualmente, 80% da produção brasileira de biodiesel vêm do óleo de soja (cuja demanda é grande e cresce 3,6% ao ano).

A qualidade do óleo das algas para produção de combustível, para Cardoso, é semelhante à dos vegetais.

"Ainda é possível obter outros produtos, como o etanol, biogás e hidrogênio, a partir dessas microalgas", afirma o engenheiro ambiental. Ele seguiu com essa linha de pesquisa no mestrado.

"Meu trabalho é uma oportunidade de mostrar que na região Norte temos bons pesquisadores, professores e instituições", diz Cardoso.

O prêmio será entregue a ele e aos demais contemplados no dia 17 de novembro. Depois disso, o pesquisador espera que alguma empresa se anime a trazer sua ideia para o mercado.

SABINE RIGHETTI

Tags: Algas Esgoto