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Governo argentino deve anunciar mistura de biodiesel ao diesel


Agência Estado - 05 fev 2010 - 14:52 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:10
BUENOS AIRES - Com um atraso de três meses, o governo argentino deve anunciar, nesta sexta-feira, 5, o início do programa de mistura de 5% de biodiesel ao diesel, a partir de março próximo. O programa deveria ter sido iniciado em 1º de janeiro deste ano, segundo a Lei nacional de Biocombustíveis. O ministério de Planejamento, no entanto, não conseguiu dirimir, com tempo, as divergências sobre o valor que as petrolíferas terão de pagar pelo produto.

O anúncio será feito pelo ministro de Planejamento, Julio De Vido, nesta sexta. As petrolíferas ouvidas pela Agência Estado, no início desta semana, disseram que o consumidor vai ter de pagar mais caro pela mistura do combustível orgânico, produzido em sua maior parte com soja. Os aumentos projetados são de entre 2% a 5% e o preço ao consumidor seria de aproximadamente 3 pesos o litro (R$ 1,474).

A Lei de Biocombustíveis foi promulgada há quatro anos, e prevê a mistura de 5% de etanol na gasolina e 5% de biodiesel ao diesel, a partir de 1º de janeiro de 2010. Por falta de capacidade produtiva, de apenas 202 mil metros cúbicos, somente uma parte do país está vendendo a gasolina misturada com etanol. A demanda de 282 mil metros cúbicos de etanol só será atendida a partir de 2011.

No caso do diesel, não há falta de oferta, mas sim de acordo sobre preços. As produtoras de biodiesel são desde pequenas e médias, que compram óleo de soja para elaborar o produto, até as gigantes indústrias, como Cargill, Bunge, Vicentín, Louis Dreyfus e Deheza.

A entrada dos grandes players nesse mercado era outro ponto de conflito, já que, inicialmente, a lei os deixava fora da produção de biodiesel e não lhes concedia benefícios fiscais. Mas o governo acabou cedendo porque as empresas locais, em conjunto, só têm capacidade para produzir 300 mil toneladas anuais de biodiesel. A demanda, no entanto, é de 800 mil toneladas.

Segundo as fontes ouvidas pela Agência Estado, a demora na implementação da lei deveu-se também ao efeito cascata que o aumento do diesel produzirá nos preços dos transportes coletivos, fretes e outros. O cenário para o governo de Cristina Kirchner é complicado em meio à crise provocada pelo uso das reservas do Banco Central para financiar o gasto público.

O desgaste da presidente será ainda maior com um novo aumento do custo de vida, que já é alto no país, em torno de 14% ao ano, segundo os economistas privados, e 6,7%, conforme o governo. As projeções das consultorias indicam que a inflação de 2010 chegaria a 20%.

Marina Guimarães
Tags: Argentina