Portugal: Diesel "verde" vence prêmio internacional
Os investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) conseguiram simplificar o processo de produção de um aditivo “verde” capaz de reduzir em 20 por cento as emisssões de parrtículas na combustão de gasóleo (diesel). Conseguiram mais: O processo não é só mais simples como é também mais barato. O futuro pode passar pela produção industrial de um biodiesel menos poluente nas estações de serviço. Para já, o projecto-piloto mereceu um prémio internacional que reconhece a excelência da investigação na área da Química.
O projecto está patenteado desde 2005 pela UP e o método usado para o fabrico do aditivo mereceu vários artigos em revistas da especialidade. Porém, o aditivo “verde” da FEUP tem estado praticamente confinado às quatro paredes do Laboratório Associado de Separação e Reacção. A atribuição do prémio “ABB Global Consulting Award for Sustainable Technology”, no âmbito dos “IChemE Awards for Innovation & Excellence 2008” trouxe uma nova atenção para a investigação. Segundo explicou ao PÚBLICO Viviana Silva, investigadora do Departamento de Engenharia Química da FEUP, o processo baseia-se numa simplificação da produção de um aditivo verde capaz de reduzir a emissão de particulas para a atmosfera.
É sabido que os eficientes motores a gasóleo têm o “problema” da emissão de partículas (o fumo preto que alguns carros a diesel lançam) que, actualmente, pode ser “reparada” com o recurso a filtros. Porém, o novo “produto” concebido pela FEUP reduz estas substâncias poluentes. Os investigadores Viviana Silva e Alírio Rodrigues recorreram a uma tecnologia inovadora (Reactor de Leito Móvel Simulado) que permite simplificar as etapas de produção do aditivo verde. Entre outras vantagens, este método consegue uma diminuição das emissões de partículas na ordem dos 20 por cento. “O dietilacetal é produzido no reactor, que é uma tecnologia mais eficiente e, consequentemente, apresenta menores custos de produção que as tecnologias convencionais. O processo de produção do aditivo envolve a reacção entre o etanol e o acetaldeído e consequente separação dos produtos formados, dietilacetal e água (subproduto). Esta tecnologia é versátil e permite a produção do dimetilaceal, que é produzido a partir do metanol e acetaldeído”, explicou ao PÚBLICO a investigadora Viviana Silva.
Com um aditivo associado ao preços da gasolina (com etanol) e outro aos preços do gás natural (metanol), os investigadores já captaram o interesse de empresas dispostas a produzir a nível industrial uma “mistura” de diesel com este aditivo para colocar nas estações de serviço. As negociações da FEUP com uma empresa de biodiesel ainda estão em curso mas já está aberto o caminho para um possivel “diesel verde”.
O Institution of Chemical Engineers (IChemE) que premiou a investigação é uma organização internacional fundada em 1922 que conta actualmente com 27 mil membros de mais de 113 países. “Com o objectivo de encorajar, celebrar e reconhecer a inovação e excelência da investigação na área da engenharia química, esta organização lança anualmente o “IChemE Awards for Innovation & Excellence””, refere um comunicado divulgado hoje.
Andrea Cunha Freitas