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Distribuidoras alegam problemas de qualidade no biodiesel


Valor Econômico - 13 mai 2010 - 19:44 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:12

Os comercializadores de combustíveis e lubrificantes planejam entrar na Justiça contra os produtores de biodiesel, devido aos indícios de degradação rápida do produto, que estaria danificando equipamentos de distribuidoras, postos e até mesmo de consumidores de diesel, que leva uma mistura obrigatória de 5% do biocombustível.

De acordo com o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda, a qualidade do biodiesel no país já está elevando custos da cadeia de comercialização.

A frequência de limpeza dos tanques, por exemplo, teve de ser triplicada. Segundo Miranda, as distribuidoras recebem o biodiesel da Petrobras, que compra o óleo vegetal das empresas que o fabricam e "ninguém quer se responsabilizar por isso".

"Temos enviado amostras do produto para a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível), que até este momento está se recusando a encarar que há um problema com o biodiesel. Eles têm colocado a culpa no manuseio do produto, mas já constatamos que há bactérias contaminando até mesmo o caminhão que transporta o produto para a distribuidora", disse o presidente.

O diretor da agência reguladora, Alan Kardec, disse não ver as reclamações em relação ao biodiesel com grande preocupação.

"Estamos verificando a qualidade. O mercado tem reportado como um problema em relação a alguns resíduos no diesel e estamos verificando isso em vários Estados. Temos que contextualizar, porque se trata de um programa relativamente novo, que só tem dois anos", disse Kardec.

O vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alízio Vaz, confirmou haver indícios de degradação rápida do produto, que tem modificado as instalações de postos e das transportadoras.

O cronograma de elevação da mistura de biodiesel no diesel para 5% foi antecipado, de 2013 para 2010, e pode ter levado aos erros de uso do produto.

"Precisamos conhecer melhor, para não colocar em risco o programa de biocombustível do governo. Existe uma curva de conhecimento do produto. O controle de qualidade da ANP só começou há poucos meses, embora já esteja no mercado desde 2008", disse.

Os produtores de biodiesel acreditam que os problemas são relacionados ao teor de biodiesel no diesel, e não tanto à qualidade especificamente. De acordo com o diretor-executivo da União Brasileira do Biodiesel, Sérgio Beltrão, no entanto, o objetivo é primar pela qualidade tanto do biodiesel, como da mistura no diesel.

"O setor de biodiesel é o mais preocupado com que esses fatores sejam avaliados constantemente pela ANP e por todos os órgãos da administração pública estadual e as outras esferas de governo, para que o biodiesel não seja um vetor de desvio ou qualidade não assegurada do produto", disse.

Mas ele garantiu que o biodiesel é produzido dentro das especificações. "Hoje, o biodiesel sai dentro das especificações, é obrigado a sair. É natural que haja problemas, em um universo de 37 mil postos, devido aos cuidados que podem não estar sendo observados pelos usuários ou por algum elo da cadeia. Mas é um problema pontual", acredita.

Juliana Ennes