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Delfim Netto desfaz os mitos sobre a produção de biocombustíveis


TV Morena - 23 nov 2007 - 07:35 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

O Brasil precisa investir mais em pesquisa para não perder o ‘estado de arte’ que desenvolveu na produção de etanol e aprimorar sua tecnologia na área de biodiesel. A avaliação é do economista e ex-ministro da Fazenda e da Agricultura, nas décadas de 60 e 70, Delfim Netto, que ministrou palestra em Campo Grande na manhã desta quinta-feira (22), na Feira de Negócios Rurais, do Sebrae/MS.

Na avaliação do ex-ministro se trata de um mito as projeções que vêm sendo feitas pelo governo brasileiro de que o País dominará o mercado mundial dos biocombustíveis. No caso do biodiesel, ele revela que a Europa, que seria um grande mercado em potencial, tem até 2015 uma estimativa de crescimento da produção exatamente no mesmo patamar do consumo.

“Em 2012 o Brasil produzira cerca de 9% de todo o biodiesel produzido no mundo. Seremos um importante produtor, mas não para a exportação e sim para o nosso mercado interno. É lógico que exportaremos, mas será pouco. O biodiesel para o Brasil não é apenas mais uma alternativa de combustível, pode ser um transformador social, beneficiando principalmente os pequenos produtores rurais”, explicou.

Em relação ao etanol, Delfim Netto revelou que somente este ano o governo norte-americano destinou US$ 500 milhões para cinco universidades desenvolverem projetos relacionados a hidrólise enzimática, um processo feito por meio de enzimas que pode até triplicar a produção de etanol a partir de matérias primas que já são utilizadas, como a cana-de-açúcar, o milho, o arroz, a soja e outros.

“Por isso precisamos investir em tecnologia para não perder o ‘estado de arte’ na produção. E não é para exportar, é para no futuro não termos que importar deles o etanol e o biodiesel porque eles têm preços mais competitivos”, afirma o economista, lembrando que somente em 2006 os EUA investiram US$ 320 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, enquanto que o Brasil destinou para a área apenas US$ 9,5 bilhões.

O ex-ministro fez questão de desfazer na palestra outro mito sobre os biocombustíveis no País, a de que o avanço das culturas destinadas a produção do etanol e do biodiesel, como, por exemplo, a cana-de-açúcar, ameaça a produção de alimentos.

“Dos 851 milhões de hectares de área total do Brasil, 463 milhões são de área de preservação, estando ai incluído os 350 milhões de hectares da floresta amazônica, 220 milhões são de área de pastagem, 72 milhões são de áreas cultivadas e ainda temos 96 milhões de hectares de áreas potencialmente cultiváveis, ou seja, não precisamos devastar a floresta amazônica para aumentar nossa área de plantio. Basta aproveitar o que já temos disponível”, afirmou.