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Brasil Ecodiesel e Maeda, de Enrique Bañuelos, fecham acordo para fusão


O Estado de S. Paulo - 08 dez 2010 - 07:27 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:15

A Brasil Ecodiesel e a holding Maeda S/A fecharam o acordo que vai permitir a fusão entre as duas empresas. Pelo acertado, a Brasil Ecodiesel vai adquirir o controle da Maeda por meio de um processo de troca de ações, de acordo com informação do presidente da Brasil Ecodiesel, José Carlos Aguilera.

Neste processo, ainda sujeito a aprovação da assembleia de acionistas que se reunirá de forma extraordinária em 23 de dezembro, a Brasil Ecodiesel vai incorporar as ações na relação de 3,6395 ações da Maeda por uma ação da Brasil Ecodiesel. "No que se refere aos executivos e ao Conselho de Administração da Brasil Ecodiesel, a operação está aprovada", disse.

Como resultado, a nova empresa que surgirá dessa operação terá 67% nas mãos dos antigos acionistas da Brasil Ecodiesel e 33% da Maeda. O investidor Enrique Bañuelos de Castro - que controla a Maeda através do fundo Arion - será o maior acionista da nova companhia, com 24% das ações. O maior acionista individual da Brasil Ecodiesel, Silvio Tini, ficará com cerca de 10% das ações. A nova empresa terá uma receita de mais de R$ 700 milhões em 2011.

Aguilera explica que a operação com a Maeda foi uma estratégia para sair da dependência do mercado de biodiesel, com a diversificação de produtos do segmento da agroindústria. "Escolhemos um sócio estratégico com experiência de sucesso na área agrícola, que possui um braço financeiro que valoriza a governança do mercado de capitais", disse o executivo.

Nesse processo de diversificação, não está descartada a produção de bioquerosene de óleo vegetal. "Hoje, o que está em análise é o pinhão manso", disse o executivo. Nesta semana, a Brasil Ecodiesel anunciou que estuda, junto com a TAM, a produção de bioquerosene para aviação.

A Brasil Ecodiesel divulgou fato relevante onde detalha a operação. O Credit Suisse foi escolhido para fazer o laudo de avaliação do negócio. A operação vai elevar o capital social da Brasil Ecodiesel de R$ 808,21 milhões para R$ 1,128 bilhão.

Verticalização
A união entre Brasil Ecodiesel e Maeda cria, segundo Aguillera, o início de um processo de verticalização. "Hoje, a Brasil Ecodiesel adquire o óleo de soja utilizado na fabricação do biodiesel. Com a Maeda, ela terá a matéria-prima. No futuro, o ciclo poderá a se completar com a incorporação de uma esmagadora, via aquisição ou via investimento próprio", disse.

Nesse momento, com o mercado de biodiesel aguardando um novo marco regulatório e produzindo apenas cerca de 2,5 bilhões de litros para uma capacidade instalada de 5,6 bilhões de litros, Aguilera acredita que, em 2011, quase metade do faturamento e mais da metade da rentabilidade da nova empresa virá da divisão Maeda. O executivo acredita que, diante de um cenário de aumento de oferta e de demanda estagnada pelo B5 ( adição de 5% de biodiesel no diesel mineral), a rentabilidade do biodiesel seguirá no mesmo patamar.

Aguilera, que desde outubro voltou a ocupar o cargo de presidente da Brasil Ecodiesel, afirma que seu projeto é o de criar a maior empresa de agribusiness de capital aberto do Brasil. Entre os mercados que a empresa vai atuar já a partir de 2011 estão a soja, o algodão e o milho, que fazem parte da divisão Maeda, além do biodiesel.

A Maeda administra hoje 85 mil hectares de área plantada nos Estados de Mato Grosso, Goiás e Bahia. Deste total, 20 mil hectares são de terras próprias e o restante arrendado. Com a operação, a nova empresa vai deter também 25% da Usina Tropical Bioenergia, controlada pela britânica BP. Na produção agrícola, o mix da Maeda é de 70% de soja, 20% de algodão e 10% de milho.

A Maeda também traz para o operação uma unidade de esmagamento de algodão localizada em Itumbiara (GO). A Brasil Ecodiesel leva para a nova empresa quatro unidades de biodiesel localizadas em Rosário do Sul (RS), Porto Nacional (TO), Itaqui (MA) e Iraquara (BA), além de 45 mil hectares de terras.

J C Aguilera

PARA LEMBRAR
Arquitetada por um grupo de investidores em 2003 para ser a empresa exemplo da política de biodiesel do governo Lula, a Brasil Ecodiesel investiu na produção de oleaginosas alternativas, como a mamona, e na construção de usinas no Nordeste. Mas a produção de mamona para esse fim provou-se inviável. Amargando dificuldades financeiras e sem o apoio governamental do início, a empresa se concentrou na produção de biodiesel de soja e desativou as usinas do Nordeste.

A reestruturação, inicialmente, deu resultados positivos. Mas a suspensão do selo social da empresa por um ano fez com que ela voltasse a perder mercado e faturamento. A crise culminou na exoneração do presidente Mauro Cerchiari e na substituição, em outubro, por José Carlos Aguilera.

Eduardo Magossi

Tags: Ecodiesel