Brasil Ecodiesel luta para compensar revés
Ao mesmo tempo em que se estabiliza no azul após quase quebrar, a Brasil Ecodiesel luta para reverter efeitos de seu passado, que, vira e mexe, insistem em atrapalhar a recuperação. Depois de conseguir derrubar uma liminar da empresa, a Agência Nacional do Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP) homologou ontem para outros produtores uma cota de 24 milhões de litros de biodiesel que a Brasil Ecodiesel havia ganho no 17° leilão do biocombustível.
Isso significa que outras empresas estão autorizadas a entregar o volume, e a companhia não tem mais como reverter a decisão a tempo de evitar o efeito negativo em seus resultados do segundo trimestre. Duas das quatro usinas da companhia perderam o selo Combustível Social, exigido para a participação em 807o dos volumes dos leilões, por descumprir as regras do selo em 2007. A companhia recorre da decisão no Superior Tribunal de Justiça.
Dos 69 milhões de litros que a empresa havia arrematado para entregar no segundo trimestre, em linha com os volumes dos trimestres anteriores, apenas 45 milhões deverão ser entregues de fato. Nos três primeiros meses do ano, a Brasil Ecodiesel entregou 62 milhões de litros, registrando lucro líquido ajustado de R$ 7,5 milhões — considerando benefícios fiscais não-recorrentes, foram R$ 18,4 milhões. Um ano antes, a empresa havia amargado prejuízo líquido ajustado de R$ 27,4 milhões.
A perda de volume no segundo trimestre deve gerar uma redução de cerca de R$ 60 milhões na receita, que á companhia tentará compensar no terceiro trimestre, segundo o diretor financeiro. Charles Mann de Toledo. A estratégia para o próximo leilão da ANP é ofertar biodiesel das duas unidades que perderam o selo na cota de 20% do volume que não exigem o selo social, maximizando a produção das outras duas fábricas para a fatia principal. "O próximo leilão foi aumentado de 565 milhões para 600 milhões de litros, e a perda do selo social não limita a capacidade de fornecimento da empresa", diz o presidente, Mauro Cerchiari.
Novas parcerias
Os executivos também colocam em prática o novo plano estratégico, definido no início do ano. A companhia, que não sabia qual destino daria para suas duas esmagadoras de soja, já que não se trata de seu negócio principal, afastou a hipótese de vendê-las. "Estamos perto de fechar uma parceria estratégica com uma empresa que vai operar a nossa esmagadora em São Luís Gonzaga (RS) e comercializar o farelo de soja gerado no processo", afirma Cerchiari.
O mesmo caminho está sendo buscado para a esmagadora da Bahia e uma terceira unidade, que não pertence à empresa, foi parcialmente arrendada há 45 dias no Rio Grande do Sul para abastecer de óleo de soja a fábrica de biodiesel do estado.
Luiz Silveira