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Biodiesel cria borra e bactérias nos motores, dizem distribuidoras


Agência Estado - 14 mai 2010 - 05:33 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:12

A adição de biodiesel ao diesel de petróleo vem provocando graves problemas de qualidade no produto vendido nos postos brasileiros. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), 5,2% das amostras de diesel coletadas em postos em março estavam fora das especificações, maior índice desde 2004. Segundo representantes dos postos, o problema já foi levado à Justiça por consumidores que tiveram danos em seus veículos.

Segundo o presidente da Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis (Fecombustíveis), Paulo Miranda, o biodiesel provoca alterações na consistência do produto final, com o surgimento de borras e a proliferação de bactérias. Além dos danos a veículos, o problema dá prejuízo aos postos, que tiveram que intensificar a limpeza de tanques e trocas de filtros.

Em reunião realizada ontem, a Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis (Fecombustíveis), que representa os postos, aprovou determinação para que seus associados entrem na Justiça contra distribuidoras, caso tenham que ressarcir consumidores prejudicados pela baixa qualidade do diesel - que hoje tem 5% de biodiesel, produto conhecido como B5.

"Decidimos que, se nada for feito, vamos entrar com ações de regresso, pedindo ressarcimento desse prejuízo às distribuidoras, que nos vendem o B5", afirmou o executivo, que diz ter análises técnicas apontando que o óleo vegetal não tem reagido bem à umidade, gerando borras e proliferação de bactérias. Miranda alega que a responsabilidade, em última instância, é dos produtores de biodiesel e pede medidas para melhorar as especificações do produto.

As distribuidoras concordam que há indícios de que a adição de biodiesel vem provocando problemas de qualidade no diesel e pedem uma análise detalhada da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O vice-presidente executivo do sindicato de distribuidores de combustíveis (Sindicom), Alísio Vaz, defendeu que o governo evite novos aumentos na proporção de diesel enquanto o caso não for esclarecido.

"As etapas já foram bastante antecipadas. Achamos melhor esperar um pouco para conhecermos melhor o biodiesel", afirmou. A proposta inicial era de que o B5 só fosse implementado em 2013, mas foi antecipado por causa do crescimento inesperado na capacidade de produção. Hoje, os produtores teriam condições de atender uma mistura com 10% de biodiesel (B10).

Para eles, a responsabilidade sobre os problemas de qualidade está no manuseio e armazenagem do produto pelos postos. "São 37 mil postos no Brasil, é natural que alguns não saibam lidar com um produto tão novo", diz o diretor executivo da União Brasileira do Biodiesel, Sérgio Beltrão, que defende a manutenção no ritmo de aumento da mistura, com a adição de 6% já no segundo semestre. A ANP se comprometeu a analisar a questão. "É um mercado em amadurecimento", comentou o diretor da agência Alan Kardec.

Balanço
As vendas de combustíveis pelos postos brasileiros cresceu 5,4% em 2010, segundo balanço feito pela Fecombustíveis. O destaque foram as vendas de etanol, com alta de 23,9%.

Nicola Pamplona