Os principais credores da Agrenco aprovaram nesta quinta-feira o plano de recuperação da companhia, que está em crise há um ano e teve seu pedido de recuperação judicial deferido em setembro de 2008. Não foram estipulados prazos, mas a empresa já vislumbra seu retorno às atividades de originação, beneficiamento e comercialização de grãos, interrompidas desde meados de 2008.
O plano não prevê a injeção de dinheiro novo, segundo o presidente da companhia, Marco Antonio de Modesti. Uma das fontes de receita será a venda da unidade de produção de biodiesel em Marialva (PR), uma das três que a Agrenco construiu no Brasil. Todas tiveram as obras interrompidas por conta da crise da empresa.
O acordo para a venda já está acertado, segundo Modesti, mas o nome do comprador será oficializado na próxima assembleia de credores, em 28 de abril. Também serão vendidos os dois armazéns e o porto que fica na província de Entre Ríos, na Argentina — o complexo, já concluído, entrou em operação em 2007.
Uma terceira fonte de recursos será um volume de cerca de 100 mil toneladas de soja. O grão, estocado nas unidades da Agrenco de Alto Araguaia (MT) e Caarapó (MS), estava “preso” como garantia dos débitos que a empresa tem com bancos. Os credores abriram mão da soja como garantia. Em troca, aceitaram como garantia as fábricas que ficam nessas cidades.
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Mesmo com a crise da empresa, suas plantas, que são novas — apenas a de Alto Araguaia chegou a ser inaugurada, embora as obras não tenham sido totalmente concluídas —, não estavam alienadas a nenhum débito. “Com os recursos das vendas [das unidades de Marialva e da Argentina] e da soja será possível concluir as fábricas e ainda ficar com recursos para capital de giro”, afirma Modesti.
Como parte do trâmite do processo de recuperação judicial, as decisões aprovadas nesta quinta-feira pelos credores ainda precisam ser homologadas pela Justiça. Estavam na assembleia representantes dos 36 principais credores da Agrenco, que tem mais de 600 credores e dívida superior a R$ 1,1 bilhão. A adesão ao plano foi aprovada por 87% dos votantes.
A assembleia de credores em 28 de abril servirá para definir as vendas e também o nome do “operador estratégico” que administrará os ativos da Agrenco. Quatro empresas estão no páreo, mas seus nomes não foram divulgados. Em 2008, a empresa tentou ser vendida, mas não houve acerto. Depois, tentou ser arrendada. A crise econômica atrapalhou o negócio. A terceira via encontrada, já aceita pelos credores, foi a do operador estratégico. O operador administrará os ativos da Agrenco e será remunerado por ela por essa atividade, sem que a Agrenco tenha que vender ou arrendar seus ativos.
As ações da Agrenco desvalorizaram-se 93,2% desde a chegada da empresa à Bovespa, em outubro de 2007, mas têm subido nos últimos meses sob a expectativa de acordo com os credores. Em 2009, o papel acumula alta de 159%. Nesta quinta-feira, o avanço foi de 9,6%, para R$ 0,57