Alta do óleo comprime margem do biodiesel
A valorização de 16% registrada pelo óleo de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) só nas duas primeiras semanas de janeiro já ameaça as margens positivas recuperadas pelo produtor de biodiesel no segundo semestre de 2008. A tonelada da matéria-prima alcançou a barreira dos R$ 2 mil no mercado interno este ano, enquanto isso a cotação do litro do combustível nos leilões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) continua inferior a R$ 2,40. "E os especuladores estão mais comprados do que vendidos em Chicago. Essa posição sinaliza que a tendência altista deve persistir", analisa Miguel Biegai da Safras&Mercado.
O preço remunerador durou menos de seis meses. Estrangulado pelas cotações em baixa e pelos custos de produção em alta no primeiro semestre do ano passado, o setor assistiu a inversão desse cenário com o aumento da demanda impulsionada por uma dose maior de biodiesel na mistura ao diesel - que passou de 2% para 3% - e a consequente redução no intervalo entre um leilão e outro. A recuperação da cadeia produtiva foi interrompida pela crise. "A redução da atividade econômica refletiu uma queda de 10% no consumo de diesel, e consequentemente de biodiesel", calcula Sérgio Beltrão, diretor-executivo da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio).
Segundo Beltrão, a inversão da trajetória de alta dos preços das commodities agrícolas e energéticas permitiu uma performance mais adequada dos produtores, que passaram a trabalhar com margens positivas. Mas para ele, "a manutenção dessas margens e a contenção de um cenário pessimista está atrelada à mistura obrigatória, que deveria saltar de 3% para 5%".
Gilmara Botelho