PUBLICIDADE
CREMER2025_novo CREMER2025_novo
Em Foco

Agrenco vende unidades e prepara retorno ao mercado


DCI - 30 mar 2009 - 06:12 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:08

A menos de 10 dias de ter obtido a aprovação do plano de recuperação pelos seus credores, a Agrenco já inicia sua reestruturação com a venda da unidade de produção de biodiesel em Marialva, no Paraná. A empresa informou em nota a seus investidores a saída da Marubeni e a inclusão da Agrenco Netherlands (Agrenco N.V.) no quadro de cotistas da Agrenco Bioenergia. A companhia japonesa detinha 15% do capital social da empresa em recuperação judicial. O retorno da Agrenco ao mercado também deverá custar a venda de outros empreendimentos da companhia, entre eles dois armazéns e um porto localizado na província de Entre Ríos, na Argentina.

Os problemas financeiros da Agrenco se agravaram a cerca de um ano, mas desde o seu IPO (entrada inicial em bolsa) , em outubro de 2007, suas ações já vinham despencando. No dia da oferta inicial a ação fechou custando R$ 8,92. No último pregão a mesma ação fechou a R$ 0,39.

Drama semelhante é vivido pelos acionistas da Brasil Ecodiesel, maior produtora nacional de biodiesel. Os papéis da companhia, que chegaram a valer cerca de R$ 15, encerraram o pregão da sexta-feira em R$ 0,79. Hoje, após o fechamento do mercado, a Ecodiesel divulga seus resultados no quarto trimestre de 2008. A expectativa é a de que a empresa consiga reverter parte do prejuízo de R$ 28,9 milhões registrado no terceiro trimestre do último ano.

No ano em que as ações em baixa se somam ao endividamento e crédito restrito, é difícil prever o reposicionamento dessas empresas no mercado.

O cenário de preços para o óleo de soja, principal matéria-prima na produção do biocombustível, promete achatar ainda mais as margens das empresas do setor.

Apesar do primeiro trimestre de 2009 ter sido positivo com a queda nos preços do óleo, o mercado reverteu nas duas últimas semanas e na Bolsa de Chicago a commodity já acumula alta de 11%. "Com a alta do óleo o custo do biodiesel pode ter chegado a R$ 2,15 o litro, que foi o preço negociado no último leilão [realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP)] e a margem operacional dessas empresas pode ficar esmagada", avalia Miguel Biegai, analista da Safras & Mercado. Ele explica que com a proximidade da colheita da safra de soja o mercado acreditou na queda dos preços, mas agora apenas quem travou o preço de óleo deverá ter sua margem garantida.

No último leilão da ANP, as plantas localizadas no Rio Grande do Sul - Brasil Ecodiesel, Granol e Oleoplan - foram responsáveis pela venda de 106 milhões de litros, cerca de um terço do volume total comercializado . Essas unidades devem incrementar ainda mais sua produção, umas vez que no último dia 17 o governo do Estado anunciou a concessão de benefícios fiscais para a cadeia de biodiesel. A produção fica contemplada por decreto alterando a Lei do ICMS, que inclui na relação de mercadorias sujeitas ao diferimento do imposto sobre grãos de canola e de mamona destinados as usinas de biodiesel.

Pesquisa
Na última semana a equipe do projeto de pesquisa "Fontes alternativas potenciais de matérias-primas para produção de agroenergia", estudo conduzido por 21 unidades da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), esteve reunida para avaliar as pesquisas conduzidas com pequi, macaúba, tucumã, entre outras espécies, e definir ações a serem executadas ao longo do ano. Segundo a estatal, a pesquisa está avaliando, entre outros aspectos, o teor e qualidade do óleo, viabilidade para produção de biodiesel e resistência a pragas e doenças das espécies. "A pesquisa começou como uma corrida. Largaram várias plantas, hoje algumas lideram", diz o pesquisador Nilton Vilela Junqueira, da Embrapa Cerrados, líder do projeto.

De acordo com ele as pesquisas visam domesticar espécies silvestres de plantas nativas do Brasil para produção de óleo. O estudo deve seguir até 2011 e nesse período a equipe irá selecionar duas ou três espécies para aprimorar as pesquisas.

Em 2008, segundo dados do Ministério das Minas e Energia, o uso do biocombustível evitou a importação de 1,1 bilhão de litros de diesel de petróleo, o que rendeu aproximadamente US$ 976 milhões para o Brasil.

Tags: Agrenco