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Biodiesel

Variedade descoberta na Espanha interessa à Embrapa


Valor Econômico - 13 ago 2008 - 05:40 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:07

Pode estar na Espanha a salvação da mamona brasileira, mais especificamente na cidade de Córdoba. Pesquisadores da Instituto de Agricultura Sostenible, ligado ao Ministério da Ciência e Inovação, descobriram que há uma variedade da planta com viscosidade bem menor do que a da maioria das variedades encontradas no Brasil, o que possibilitaria o uso do óleo na fabricação de biodiesel dentro das especificações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Liv Soares Severino, pesquisador da Embrapa-Algodão, conta que a instituição entrou em contato com os pesquisadores espanhóis e espera até o fim deste ano visitá-los para saber mais sobre as descobertas. Ainda não há nenhum entendimento formal entre as partes, mas Severino diz que a Embrapa e a Petrobras Biocombustível estão interessadas nas pesquisas.

Severino não se espera, contudo, efeitos práticos no curto prazo. “Esse tipo de iniciativa demora de oito a dez anos”, afirma. Segundo ele, será preciso trazer as espécies para o Brasil e cruzá-las com variedades já conhecidas no país para se chegar a resultados satisfatórios. “A única coisa que essa mamona tem de melhor é a viscosidade menor. No resto, as variedades que encontramos aqui são superiores. Teríamos que fazer adaptações”, explica.

Uma resolução da ANP de março deste ano estabelece critérios fisícos e químicos para classificar o biodiesel. A mamona, por ser muito viscosa, não obedece a alguns desses critérios e pode ser prejudicial aos motores de veículos. “A ANP apenas fez aquilo que os técnicos de todo o país que lidam com biodiesel já esperavam”, diz Luiz Pereira Ramos, professor da Universidade do Paraná (UFPR) e pesquisador do tema.

Segundo ele, há muito tempo se sabe que a mamona precisaria ser usada em associação com o diesel ou com outra oleaginosa, como soja e girassol. Em seminário realizado recentemente em Salvador, representantes da Petrobras disseram ser possível fazer biodiesel com até 30% de mamona na mistura. Ramos acredita ser difícil chegar a esse percentual. “Creio que seja difícil passar dos 15%”, diz.

Hoje em dia é bem mais interessante para o produtor vender a mamona ou seu óleo, também chamado de óleo de rícino, para indústria química do que para a do biodiesel, diz o pesquisador. Já Severino, da Embrapa, acredita que quando o setor estiver desenvolvido, será mais interessante vender para as usinas de biodiesel.

Raquel Salgado, de Salvador

Tags: Mamona