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Biodiesel

Shell diz que fabricar biocombustíveis com alimentos é imoral


Reuters - 06 jul 2006 - 14:58 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

A Royal Dutch Shell, a maior comerciante mundial de biocombustíveis, considera "moralmente inadequado" o uso de produtos agrícolas que podem servir para alimentação na fabricação de combustíveis renováveis enquanto ainda existem pessoas passando fome no mundo, afirmou um executivo na quinta-feira.

Eric G. Holthusen, gerente de Tecnologia de Combustíveis para Ásia e Pacífico, afirmou que a unidade de pesquisa da companhia, a Shell Global Solutions, tem desenvolvido combustíveis alternativos a partir de fontes renováveis que utilizam como matéria-prima lascas de madeira e resíduos vegetais, em vez de produtos alimentícios.

Holthusen afirmou que a participação da companhia no mercado de biocombustíveis extraídos de alimentos tem sido guiada por questões econômicas ou legais.

- Se nós tivéssemos alternativa hoje, nós não seguiríamos essa direção - declarou Holthusen, em um seminário em Cingapura.

E acrescentou:

- Nós achamos que é moralmente inadequado porque o que nós estamos fazendo aqui é usar alimento, transformando isso em combustível. Se você olhar para a África, ainda há falta de comida, pessoas passando fome, e pelo fato de sermos mais ricos nós usamos comida para fabricar combustível. Isso não é o que eu gostaria de ver. Mas às vezes o mercado força você a fazer isso.

Os principais biocombustíveis vendidos comercialmente no mundo são o etanol e o biodiesel.

O etanol, utilizado principalmente nos Estados Unidos e no Brasil, tem como matéria-prima a cana-de-açúcar e a beterraba, além de grãos como milho e trigo.

O biodiesel, usado na Europa, é fabricado no continente predominantemente a partir de oleaginosas, colza, e também pode ser produzido com palma e coco.

Holthusen disse que a Shell tem trabalhado em alternativas para produtos alimentícios, mas ele não revelou quando o biocombustível produzido a partir de tais matérias-primas estaria comercialmente disponível.

- Nós não descansamos. Estamos fazendo o que todo mundo precisa fazer. Nós estamos trabalhando todo o tempo em alternativas, para deixar de usar alimentos, e isso é o que chamamos uma segunda geração de biocombustíveis - disse.

Ele afirmou que a Shell, em parceria com empresa canadense de biotecnologia Iogen Corp., desenvolveu o "álcool de celulose", que é fabricado com lascas de madeira e porções de palha de cereais que já não servem como alimento. Esse biocombustível, segundo ele, pode ser misturado à gasolina.

Tags: Alimento