Secretaria comenta críticas a usina de Quixadá

A propósito de comentário da última quinta-feira, sobre a usina de biodiesel de Quixadá, a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) enviou nota.

Primeiro um dos trechos do comentário: "A usina de Quixadá não dispõe de um só quilo de matéria-prima. Para atender o compromisso com a entrega dos 4.000 m³ do último trimestre muito provavelmente terá que importar soja do Estado de Tocantins. Agricultura familiar? Bem, isso é outra história".

Segundo a SDA, a usina foi instalada no momento em que 16 mil toneladas de oleaginosas estão com produção contratadas para 2008, somente para a agricultura familiar do Ceará. "Em relação à demanda da Petrobras, essa produção representa 16%. Até 2012, o Programa Biodiesel tem como meta atingir 150 mil toneladas de produção, o que atende integralmente à demanda destacada para a agricultura familiar (50% do total), respeitando a Normativa para obtenção do Selo Combustível Social". Walmir Severo, coordenador do Programa Biodiesel do Ceará na SDA, citado na nota da Secretaria, afirma que a instalação da Usina acontece no momento certo, porque o aumento da produção é decorrência direta do crescimento do mercado.

Antes, diz a SDA, a produção cearense estava sendo vendida na Bahia, com a interferência de atravessadores, mas o Governo do Estado declara estar trabalhando para mudar essa lógica, reforçando a política de incentivos e de preços. "Não existe contradição neste processo, mas sim uma opção pela construção de uma política pública de desenvolvimento social no campo. Parte do suprimento de Quixadá será atendida por 8.522 agricultores que estão plantando mamona e girassol em 161 municípios cearenses. Outra parte virá do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco".

Sem falar no horizonte 2012, mas de curtíssimo prazo, das 16 mil toneladas contratadas para 2008, quanto já estaria disponível neste momento para a Petrobras iniciar a produção de biodiesel? Tomara que o Governo esteja certo e que a agricultura familiar atenda a demanda do produto final para suprimento do mercado na mistura obrigatória de 3% no diesel fóssil. Mas é fato que a Petrobras vai precisar dessa oferta de matéria-prima para cumprir o compromisso de oferecer 4 milhões de litros no último trimestre. Trazer de outros Estados é uma opção, mas custo da logística deve ser avaliado no devido momento, pois não se pode esquecer que se trata de commodities, sujeitas as variações de mercado. Nenhum segmento econômico irá produzir no "vermelho". Funciona assim no capitalismo. Aqui ou na Rússia. A não ser que voltemos aos subsídios, cujo preço é pago pela sociedade no final. E tomara que os 8.522 agricultores supram as necessidades sem termos de recorrer a Pernambuco Paraíba e Rio Grande do Norte, ou mesmo a soja de Tocantins.

Jocélio Leal