Convênio com Petrobras garante compra de óleo de mamona em Alagoas
O governo do Estado negocia um convênio com a Petrobras no âmbito do Programa do Biodiesel (Probiodiesel). O acordo prevê cooperação técnica e a aquisição de todo o óleo de mamona produzido em Alagoas. Com isso, o programa se consolida com o fechamento de mais um elo da cadeia.
Até então, a produção do óleo de mamona não tinha mercado garantido. A entrada da Petrobras no programa como parceira dará estabilidade à cadeia como um todo e à beneficiadora, a empresa arapiraquense Oleal, que iniciará a extração do óleo bruto até o final do ano.
Essa não é a única mudança no Programa do Biodiesel de Alagoas. No início da semana, o governo do Estado publicou decreto modificando sua estrutura. A novidade mais significativa foi a inclusão da Secretaria de Estado da Agricultura, na coordenação do Probiodiesel.
A pasta passa a dividir, oficialmente, a responsabilidade da iniciativa com a Secretaria de Planejamento e Orçamento (Seplan) e entra no projeto com assistência técnica no campo, capacitação, aquisição e distribuição de sementes, além da elaboração de projetos técnicos. Ao Planejamento cabe desenvolver pesquisas, instalar plantas-piloto, laboratórios, definir a política de preços e identificar fontes de financiamento para o programa.
Em seu terceiro ano de execução, o Probiodiesel envolve cerca de mil agricultores e conta com uma área de cultivo de mamona de 2 mil hectares em 33 municípios alagoanos. Segundo o gestor do programa pela Seplan, Guillermo Hernandez, os dois principais desafios do programa são a introdução de novas oleaginosas que se adaptem aqui tão bem quanto à mamona e a expansão da área plantada.
“Conseguimos sair de 40 hectares para dois mil hectares, mas ainda é pouco para termos escala de produção. Nossa meta é chegar logo aos dez mil hectares e seguir ampliando. Precisamos também introduzir, o mais rápido que pudermos, uma outra cultura, já que a mamona se valorizou muito e hoje está sendo utilizada em aplicações mais ‘nobres’ do que na produção de combustível”, afirma o gestor, que aponta o pinhão-manso como forte candidato a ser adotado no programa.
“Temos pesquisas e experimentos da Universidade Federal de Alagoas que indicam o pinhão-manso como uma das oleaginosas mais vantajosas para adotarmos. O girassol, que foi adotado em outros lugares como principal fonte na produção de biocombustível, não tem boa adaptação aqui no Estado”, observa. A introdução de novas oleaginosas será discutida no próximo dia 25 de setembro num seminário com a participação de entidades e órgãos como a Embrapa, Seplan e Uneal.
Apesar dos problemas enfrentados pelo programa nesses três anos, o gestor acredita que Probiodiesel de Alagoas avança e se consolida numa base estruturada. Para Guillermo Hernandez, o Estado tem um potencial muito grande para desenvolver essa cadeia como uma importante fonte de recursos e de empregos.
O gestor observa ainda que mesmo sem ter iniciado a extração do óleo aqui no Estado, nenhum agricultor incluído no programa perdeu sua produção ou ficou com ela encalhada. Quem recebeu sementes e apostou no cultivo — que é consorciado com feijão e fumo — foi muito bem remunerado com a venda para indústrias de beneficiamento da Bahia e Pernambuco
“De fato, o programa em Alagoas caminhou, nos últimos tempos, mais lentamente que em outros Estados, mas é importante ressaltar que estamos dando passos firmes. Há problemas seriíssimos em localidades que se dizem mais avançadas na questão do biodiesel, como Sergipe. O Ceará, por exemplo, que é a referência nacional, enfrenta hoje um imenso descompasso entre indústria e campo. O que se vê hoje em muitos lugares é muita indústria para pouca matéria-prima ou o contrário. Isso, certamente, não acontecerá aqui em Alagoas”, diz.