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Biodiesel

Ceará: Ajustes no biodiesel


Diário do Nordeste - 07 mar 2008 - 07:29 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

Os primeiros resultados do plantio de oleaginosas para produção de biodiesel não foram estimulantes. Embora o Ceará disponha de zoneamento agroclimático, mapeando 81 localidades onde há condições físicas ideais para o cultivo, a frustração da safra agrícola de 2007 e as dificuldades de comercialização desestimularam os produtores.

Uma das metas da Política Nacional de Biodiesel é promover a inclusão social, especialmente dos pequenos produtores rurais engajados na agricultura familiar. Como foi lançado sem a preparação adequada dos homens do campo, o esforço de produção de oleaginosas, especialmente da mamona, esbarrou em dificuldades de preços atrativos e de escoamento da produção, provocando descrédito.

Antevendo as resistências oferecidas pelos produtores, com risco para o programa do biodiesel, incluindo a migração das usinas de produção do combustível verde, o governo do Estado alterou as estratégias de motivação dos plantadores. Para tanto, vem reunindo especialistas da Ematerce e agricultores em cursos de capacitação sobre técnicas de cultivo, tratos culturais e combate às pragas das oleaginosas.

O aumento da produtividade é outro pilar do impulso para tornar a produção agrícola uma atividade rentável. O governo oferece garantia de preços mínimos, sementes selecionadas, assistência técnica e escoamento da produção. Os agricultores, motivados, poderão seguir as diretrizes do programa, carreando a safra para as usinas de extração do óleo.

A estruturação do ciclo produtivo foi uma das falhas no lançamento do programa. Quem permaneceu isolado da cadeia produtiva encontrou dificuldade em vender a limitada safra. Também a baixa produtividade, especialmente da mamona, não permitiu a geração de renda capaz de cobrir os custos do plantio e de compensar o esforço, mesmo com a baixa margem de lucratividade.

A mamona, como lavoura xerófila reintroduzida em maior escala na economia primária do Ceará, exige o concurso de mão-de-obra treinada especificamente para essa atividade, a consorciação com outras lavouras para diluir os custos e as sementes com maior capacidade de produção por hectare. Outro fator decisivo é a organização social dos produtores em torno das novas metas de plantio.

A Ematerce, nesta fase de maturação do programa biodiesel no Ceará, cadastrou 27.500 produtores rurais, fornecendo-lhes sementes de mamona e girassol para diversificar os cultivos. O marco no segmento da agricultura familiar é ocupar 25 mil hectares com mamona e 5 mil com girassol. Como o mercado consumidor do biodiesel é amplo, o empenho é para remover resistências e alcançar 50 mil hectares plantados.

Toda inovação provoca resistências naturais, especialmente no âmbito da agricultura tradicional, voltada, exclusivamente, para as culturas de subsistência. O sucesso na mudança de enfoque dependerá do trabalho de convencimento dos rurícolas para os quais a inclusão social se torna imperiosa.