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Biodiesel

Battistella propõe uso de biodiesel em geradores


Gazeta Mercantil - 17 set 2008 - 06:21 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:07

O grupo Battistella - com sede na capital paranaense e negócios na área de logística, revenda de caminhões e florestas e faturamento próximo a R$ 1 bilhão - quer aproveitar os altos e baixos do fornecimento de gás boliviano para alavancar uma solução que permita substituir o insumo importado pelo biodiesel. A proposta é a instalação de grupos geradores de 20 megawatts (MW) ou mais junto aos fabricantes de biodiesel espalhados pelo Brasil, para que estes possam produzir energia e despachá-la para consumo próximo ou a média distância.

"É uma medida preventiva, que poderia funcionar por três ou quatro anos até que os investimentos em novas hidrelétricas se consolidem e elas estejam produzindo", explica Gérson Schmitt, presidente executivo do grupo.

Uma primeira experiência de um produtor de biodiesel utilizando o produto para também gerar energia já começou na BSBios, usina de biodiesel de Passo Fundo (RS), que utiliza o Maquigeral B100 e hoje é auto-suficiente na produção de energia nos horários críticos. "Enquanto o investimento numa PCH (Pequena Central Hidrelétrica) ou usina convencional é geralmente superior a R$ 2.000,00/KW, uma PUB-100 (Pequena Usina de Biodiesel 100%) custa R$ 350,00/KW, com tempo de implantação de 2 a 4 meses, contra os 2 a 4 anos habituais das hidroelétricas", compara Schmitt. "Numa crise de oferta de energia, em meio ano, várias PUB-100 poderiam despachar 500 mil/KW de energia limpa e renovável, evitando um súbito apagão", acrescenta o executivo.

Uma das vantagens econômicas do projeto, por exemplo, seria auferida pela Petrobras e o programa nacional de biodiesel, para o qual a alternativa de conversão de combustível em energia poderia trazer um novo acelerador para o desenvolvimento e consolidação desse projeto estratégico. "Já a Petrobras, que hoje demonstra preocupação com o provável aumento do custo ou falta de gás natural, poderia evitar o deslocamento de milhares de caminhões com combustível para alimentar termelétricas no Centro-Oeste do País", afirma. "Assim, a proposta das PUB-100 apresenta-se como uma alternativa muito mais barata em termos logísticos, além de ser segura na geração e distribuição de energia", completa Schmitt.

O Grupo Battistella há mais de 30 anos possui uma indústria montadora de grupo motor gerador instalada em Colombo, no Paraná´, e que hoje produz 160 máquinas mensais, e fatura perto de R$ 100 milhões anuais. No entanto, de acordo com a empresa, o faturamento poderá dobrar com a instalação de mais um turno.

Há quatro anos a empresa vem pesquisando a utilização de biodiesel puro (100%) neste equipamentos com resultados expressivos. "Utilizar as usinas de biodiesel como parte de um complexo de geração de energia limpa em um modelo descentralizado e com custo logístico menor que o abastecimento das atuais térmicas movidas a diesel convencional é um desenvolvimento possível do nosso negócio", acrescenta o executivo.

Na BS Bios, o grupo gerador, além da segurança, já trouxe também economia. Segundo Erasmo Carlos Battistella, diretor comercial, anteriormente a empresa dependia somente da concessionária de energia local para o fornecimento de energia, independente do horário e com o risco de quedas nos horários de ponta - das 17h30 às 21h30 - e a possibilidade de paralisação na produção da empresa. "Os blecautes de energia não são previsíveis e como trabalhamos com processos químicos contínuos, a nossa produção não pode parar", diz. "Neste horário o preço da energia fornecida pelas concessionárias aumenta muito. De segunda a sexta-feira, o preço médio do MWh praticado pela concessionária é de R$ 1.169,50, sem impostos. Já o preço da energia produzida pela usina geradora a biodiesel instalada na BS Bios é de R$ 775 o MWh, incluso a cotação do litro de biodiesel B100, que é de R$ 2,65", garante ele.

Com a evolução do projeto, a BS Bios já pensa em ampliar sua produção de energia, para atender a demanda local, em programa conjunto com a comercializadora que atua em sua região.

Segundo a Battistella, o grupo motor gerador alimentado a biodiesel reduz consideravelmente a emissão de gases poluentes em relação ao diesel comum, chegando a ter 25% menos emissão de CO (monóxido de carbono) e 14% de hidrocarbonetos, além da diminuição de 88% da fuligem na atmosfera, responsável pelo efeito estufa.

A solução conjugada de máquinas foi chamada de "Pequenas Usinas de Biodiesel - PUB". Esta tecnologia permite ainda a supervisão remota, à distância, do equipamento. O Maquigeral B 100 foi lançado no mercado pela Battistella no fim de 2007, após seu desenvolvimento por meio de uma parceria tecnológica de vários anos, com o Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar).

Norberto Staviski