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Biodiesel

Alta dos alimentos muda estratégia da Petrobras para o biodiesel


Agência Estado - 11 jun 2008 - 06:04 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

A disparada dos preços dos alimentos vem provocando mudanças na estratégia da Petrobras para os biocombustíveis. A empresa decidiu focar na pesquisa de oleaginosas que não concorram com a indústria alimentícia, evitando a soja, hoje principal matéria-prima para biodiesel do país. Além disso, mantém suspensa a produção de H-Bio, combustível lançado em 2006, que consiste na produção de diesel de petróleo com uma mistura de 10% de óleo vegetal, também proveniente da soja.

"Nossa política é a de tentar não usar matéria-prima alimentícia, para evitar competição com a comida", afirma Cyntia Maria Xavier da Silva, da área de biocombustíveis da estatal. A concorrência com os alimentos gera grande foco de resistência aos biocombustíveis. Segundo ela, a empresa está focando suas pesquisas sobre biocombustíveis com matérias-primas alternativas, como a mamona, por exemplo. Ela citou ainda o babaçu, como uma possível fonte de combustível ainda pouco pesquisada no Brasil.

As novas matérias-primas podem ser usadas nas fábricas de biodiesel da Petrobras ou na produção do H-Bio, em substituição ao óleo de soja. O novo combustível foi lançado com festa em maio de 2006, mas teve sua produção interrompida em meados do ano passado, devido à disparada dos preços do óleo de soja. Três refinarias foram preparadas para produzir o H-Bio e outras cinco estão em processo de adequação.

Cyntia afirmou, porém, que ultimamente a empresa produz apenas alguns lotes do produto, sem escala comercial. Isso porque a companhia não consegue repassar o alto preço do óleo de soja ao diesel final vendido nos postos. Segundo dados do Centro Avançado em Pesquisa Econômica Aplicada da USP (Cepea), a cotação do óleo de soja no Porto de Paranaguá ronda hoje os R$ 2,7 mil por tonelada, ou R$ 1 mil a mais do que o vigente quando a estatal decidiu pela suspensão da produção de H-Bio.

O biodiesel se tornou obrigatório em janeiro deste ano, a uma razão de 2% de óleos vegetais em cada litro de diesel vendido nos postos, o que garante um consumo de 800 milhões de litros por ano. É consenso no mercado que o óleo de soja é a matéria-prima mais competitiva para abastecer grande parte dessa demanda. Em julho, o volume obrigatório passa para 3%.