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Biodiesel

Portugal: Fumo branco na colza


Jornal Reconquista - 27 mar 2009 - 06:15 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:08

Há quatro anos Fernando Penha apostou tempo e dinheiro em ensaios para verificar se a cultura da colza poderia ser feita com sucesso na Campina de Idanha. Este ano conseguiu provar a viabilidade técnica da cultura. A colza pode ser uma opção para a Campina. Garantia de Fernando Penha, um técnico a quem a reforma não vedou a vontade de inovar.

“Na nossa região é difícil, ou até inviável, produzir colza em sequeiro, sobretudo a sul da Gardunha. Mas em regadio, usando os pivots disponíveis de finais de Setembro a finais de Maio, para assegurar a irrigação nos períodos de carência de chuva, está garantido que a cultura é tecnicamente viável”. A afirmação é de Fernando Penha, ex-director regional de Agricultura, ex-deputado, que dedicou os últimos quatro anos à realização de ensaios com a cultura na Campina, tendo agora visto recompensados os seus esforços.

A colheita apenas irá decorrer em Maio, mas olhando ao estado de desenvolvimento das plantas em regadio, em 18 hectares do Couto da Mascarenha, no Ladoeiro, tudo indica que seja possível obter, pelo menos, três toneladas por hectare, o que considera uma produtividade interessante. Caso assim suceda, Fernando Penha terá a informação necessária para avaliar a viabilidade económica de uma cultura que terá de ser destinada à produção de matérias-primas ou à transformação do grão em óleo de colza para consumo humano, além da produção de farinha para ração animal.

Com este fim, muda claramente o objectivo inicial, de há quatro anos, que passava pela introdução da cultura da colza a pensar na produção de biodiesel. “Então a Europa e o mundo orientavam-se nesse sentido, pois os óleos vegetais tinham um preço baixo relativamente ao preço do gasóleo, pelo que a produção de biodiesel era interessante, mesmo recorrendo a óleos importados”. A verdade é que o preço dos óleos vegetais subiu enquanto o do gasóleo desceu, mas nem isso paros os ensaios de Fernando Penha, que investiu fortemente na área.

Ao longo de quatro anos, em diferentes terrenos, testou várias épocas de sementeira (Setembro/Outubro, Janeiro, Março/Abril) e densidades de sementeira, com variedades precoces, semi-precoces e semi-tardias, quer em sequeiro quer em regadio. Experimentou diversos tipos de mobilização de solo, diferentes variáveis de fertilização, bem como algumas variáveis de herbicidas em pré-sementeira e pós-emergência das plantas. Na terça-feira, no campo onde associou as variáveis de sucesso, Fernando Penha era um homem feliz: “Isto é colza, é colza em qualquer parte do mundo”, referia, entre plantas cuja altura supera a sua e que estão carregadas de grão.

Considerado um dos maiores especialistas em agricultura da região, mostra-se porém cauteloso em relação ao futuro da cultura na Campina. Por um lado, considera que, “a comprovar-se a viabilidade técnico-finaceira da cultura, ela poderá ter lugar aqui”. Por outro, vai referindo que “a colza não é uma cultura com elevados níveis de rendimento, pois está ao nível das culturas de Outono/Inverno, das culturas arvenses”. Mas acredita que a experiência de alguns bons agricultores pode tornar a colza uma das culturas interessantes na Campina.

O certo é que a cultura já é interessante na Europa. Em cada ano são semeados 4,5 milhões de hectares de colza, com especial destaque para a França, Alemanha, Polónia, Inglaterra, Suécia, Hungria e outros países de Leste. Por cá, embora tenham sido vários os autores de diferentes ensaios, em diferentes regiões, foi Fernando Penha que, quatro anos, muito investimento e trabalho depois, conseguiu provar a viabilidade técnica da cultura.

Vitor Tomé