Iafelice, da Agrenco, vai para prisão domiciliar
O empresário Antônio Iafelice, ex-presidente da Agrenco, vai para prisão domiciliar. Iafelice foi detido juntamente com outras 23 pessoas no dia 20 de junho, por ocasião da Operação Influenza, da Polícia Federal , e estava na prisão da PF em Florianópolis. Ele é acusado de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, além de estelionato, formação de quadrilha e crimes contra o sistema financeiro.
A decisão sobre a prisão domiciliar foi tomada ontem pelo desembargador Tadaaqui Hirose, da 7 turma do Tribunal Regional Federal (TRF), da 4 região, em Porto Alegre. O despacho do desembargador não foi divulgado em detalhes por estar sob segredo de justiça.
O advogado de defesa de Iafelice, Cláudio Gastão Filho, limitou-se a dizer que havia relatado a necessidade de que seu cliente, que sofre de problemas cardíacos, recebesse tratamento médico com a prisão domiciliar.
A comprovação da fragilidade da saúde, segundo o advogado, foi feita por Bernardino Tranchesi Jr, médico particular de Iafelice. Segundo o advogado, o empresário vai cumprir a prisão domiciliar em São Paulo.
A decisão do TRF veio em um entendimento diferente de uma decisão da Justiça Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, também tomada ontem. A Justiça Federal daquele estado negou pedido da defesa do empresário, que havia requerido autorização para que ele pudesse realizar exames prescritos por Tranchesi Jr.
Na decisão, Ana Cristina Krämer, juíza substituta da Vara Criminal da Justiça Federal, relatou que Iafelice é portador de doença cardíaca e que requer avaliação periódica. No entanto, ela concluiu, a partir da avaliação médica feita dias antes no cárcere da PF pelo médico particular do empresário, que o quadro clínico de Iafelice encontrava-se estável. Como entendeu que não havia necessidade de urgência na realização de exames, indeferiu o pedido.
Na sexta-feira passada, o TRF da 4 região havia negado habeas corpus para Iafelice e para Antônio Augusto Pires Jr, ex-diretor de operações do grupo Agrenco, que segue preso na PF. Também foi negado pedido de liberdade provisória feito à Justiça Federal, em Santa Catarina. Nos últimos dois dias foram negados habeas corpus a Francisco Ramos, ex-diretor de relações institucionais do grupo, e a Miguel Varela, delegado aposentado da PF, que também foram presos na Operação Influenza.
O delegado Airton Takada, da PF, à frente das investigações, não concedeu entrevista ontem. Informou somente que os malotes apreendidos pela PF ainda não foram analisados e que os trabalhos apenas começaram. Ele prepara um relatório para a juíza solicitando prorrogação dos prazos. Logo após a operação, o delegado já havia informado que, por conta da grande quantidade de documentos apreendidos — “mais de um tonelada” —, ele possivelmente não conseguiria concluir o inquérito em 30 dias.
A operação envolveu a prisão de 24 pessoas, sendo seis em prisão preventiva — o que incluiu os empresários do grupo Agrenco — e outras 18 em prisão temporária. Essas últimas foram liberadas cinco dias após a detenção.
Desde as notícias sobre o suposto envolvimento do comando da empresa em crimes contra o sistema financeiro, as ações da Agrenco acumulam queda de 44%. Os negócios chegaram a ser suspensos por uma semana na Bovespa, que esperava esclarecimentos da companhia. Iafelice também era presidente do conselho de administração da Agrenco.