Hortolândia terá usina de biodiesel

Em um trabalho inédito no município, uma microusina de biodiesel começa a operar ainda este mês em Hortolândia, aliando a preservação ambiental à geração de renda. O projeto é resultado da parceria entre a Prefeitura com a Cooperativa de Reciclagem Unidos para Vencer - que tem como nome fantasia Águia de Ouro - e dois estudantes universitários, e a máquina para refino do óleo vegetal saturado (usado para frituras) começa a operar no próximo dia 20. O projeto piloto deve beneficiar, neste primeiro momento, 22 mulheres que integram a cooperativa, com sedes nos bairros Rosolém e Remanso Campineiro.

"Além de um incremento na renda das cooperadas, a usina será um importante instrumento de conscientização sobre a preservação ambiental", afirma a coordenadora da cooperativa, Eunice de Souza, ou mãe Dango, como é conhecida. Segundo ela, a cooperativa recolhe em torno de 15 toneladas de lixo reciclável por mês, "material que deixa de ir para o aterro". "Recolher também o óleo que iria para o esgoto, é um grande avanço ambiental, especialmente numa cidade que não dispõe de tratamento de esgoto", destaca.

De acordo com o secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento, Dimas Correa Pádua, calcula-se que um litro de óleo descartado é suficiente para contaminar 1 milhão de litros de água. "Isso significa que, com a coleta de 100 mil litros de óleo, são preservados 100 trilhões de litros de água", afirma. Ele cita que o município tem cerca de 50 mil residências. "Cada família joga fora de três a quatro litros de óleo por mês, o que dá cerca de 200 mil litros. Se conseguirmos recolher metade disso, já é uma grande vitória ambiental", reforça.

Pádua explica que o trabalho de conscientização sobre a preservação ambiental já começou, com palestras, seminários e apresentações de vídeo em escolas, igrejas e associações de moradores, além de contato com empresas que mantêm restaurantes e consomem muito óleo. "Nosso objetivo é conclamar os donos de restaurantes e lanchonetes, e a população em geral a colaborar com o meio ambiente e guardar o óleo usado para refino", diz mãe Dango. Ela explica que as cooperadas já passam nas residências e empresas recolhendo material reciclável e vão se encarregar de retirar também o óleo, que pode ser colocado em garrafas pet ou recipientes de plástico.

O projeto conta com consultoria de Marcos Roberto Valêncio e Adriano Godoy Luiz, estudantes de economia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e de administração da Hoyler, respectivamente. "A cooperativa precisava de um incremento de renda e nós criamos esse projeto", diz Valêncio. O grupo alugou uma máquina de refino, cujo aluguel será pago com a renda obtida com a comercialização do biodiesel. "Se cada recicladora visitar três casas por hora e recolher dois litros de óleo em cada uma, multiplicando pela quantidade de cooperadas, é possível pagar o aluguel da máquina e obter uma renda mensal de R$ 1 mil cada uma", avalia.

A estimativa é de que, de início, a cooperativa produza 50 mil litros de biodiesel e 10 mil litros de glicerina por mês. A própria empresa que aluga a máquina garante a manutenção do equipamento e o treinamento do operador.

Serviço

A Cooperativa Unidos para Vencer funciona de segunda a sexta-feira no período das 8h às 16h30. A retirada de material reciclável ou óleo pode ser solicitada pelo telefone (19) 3845-6209.

Delma Medeiros