Estudo diz que governo deve rever programa nacional
O governo terá de rever o Programa Nacional de Produção e Uso do biodiesel (PNPB) para que a produção nacional tenha acesso ao crescente mercado mundial dos biocombustíveis. A conclusão é de estudo divulgado ontem pela consultoria Tendências, para quem há distorções no modelo atual que podem culminar em barreiras não-tarifárias ao biocombustível brasileiro.
Atualmente, grande parte da produção é proveniente da soja, gerando competição com a oferta de alimentos, uma preocupação recorrente dos países desenvolvidos atualmente. "Apesar da boa vontade do governo, o programa não está indo na direção correta", diz a coordenadora do relatório, a consultora Amaryllis Romano.
Na avaliação dos especialistas da Tendências, o desenvolvimento da oferta de biodiesel deve ser focada em oleaginosas alternativas, como mamona e pinhão-manso, cultivadas em áreas menos propícias à produção de alimentos em grande escala. "A competitividade do biodiesel não está relacionada apenas com preço, mas também com a sustentabilidade da produção", ressalta Amaryllis.
Ela lembra que países desenvolvidos começam a definir certificações para a importação de biodiesel. A Suíça, por exemplo, anunciou recentemente que não comprará produto feito com trabalho escravo ou em áreas da floresta amazônica. Com base em dados da Food and Agricultural Policy Research Institute, o relatório da Tendências identifica um mercado potencial para exportações de 1,77 bi de litros de para a União Européia em 2017.