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Biodiesel

Especial CE: Produtores terão dificuldades em fornecer óleo bruto


Diário do Nordeste - CE - 16 fev 2008 - 15:39 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A lista de exigências impostas pelas usinas que consumirão os grãos para a produção do combustível preocupa as organizações de agricultores das regiões no entorno dos empreendimentos. A partir da próxima colheita, os produtores rurais terão de viabilizar mecanismos para entregarem o óleo bruto da mamona, obtido após uma primeira etapa de esmagamento, ao invés da semente, como foi praticado no até o ano passado.

´A Petrobras já concordou em aceitar sementes este ano, mas a partir de 2009 os produtores terão de vender o óleo´, reconhece o titular da SDA (Secretaria de Desenvolvimento Agrário), Camilo Santana. Ele argumenta que transferir o óleo bruto para a base permite uma diluição de valor.

Das duas usinas cearenses, apenas a da Brasil Ecodiesel, em Crateús, tem sua estrutura integrada verticalmente, partindo desde o esmagamento da baga até o refino do óleo.

Já a da Petrobras, que deve começar a operar no começo do segundo semestre, só será possível refinar o óleo bruto, cabendo aos fornecedores o esmagamento da semente.

A mudança, contudo, implica custos elevados para a aquisição de pequenas usinas por parte dos agricultores, que terão de se consorciar para arcar com o investimento e garantir o volume de produção para que o maquinário permaneça em constante funcionamento.

A reportagem apurou junto a uma fonte que lida com a cadeia no biodiesel no Ceará que a fábrica na Brasil Ecodiesel é incapaz de trabalhar com o esmagamento de mais de um tipo de oleaginosa ao mesmo tempo. Desta forma, cada uma de suas unidades se concentra no esmagamento de um grão, recebendo a produção de produtores de todo o País. ´A unidade de Crateús nunca chegou a esmagar mamona. Toda a produção comprada sempre segui para outros estados´, afirma.

O presidente do sindicato dos produtores rurais de Quixadá, Eronilton Buriti, não está muito confiante quanto à utilização das novas esmagadoras em sistema de cooperação e associativismo. Em sua avaliação, são dois os principais entraves ao fornecimento: o custo de montagem ainda é proibitivo e a produção pode não responder a tal ponto que cubra o investimento feito. ´Ainda há um clima de dúvida e desconfiança muito grande quanto à garantia da compra. Muita gente teme abrir mão do feijão e do milho e ficar com a mamona empancada´, diz.

Na área de atuação do sindicato, há pouco mais de cinco mil produtores, cujas propriedades variam de dois a dez hectares, onde predominam cultivos voltados para a subsistência, como feijão e milho.

Por outro lado, ele reconhece que a agregação de valor obtida com a subida em um degrau no ciclo produtivo abre perspectivas para um incremento da renda no campo. ´O preço do caroço achata completamente a margem de lucro do agricultor´, compara a presidente do sindicato da categoria em Crateús, Francisca Rodrigues de Sousa.

LEÔNIDAS ALBUQUERQUE
Diário do nordeste