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Biodiesel

Biodiesel é a alternativa energética


Diário de Natal - RN - 19 fev 2006 - 20:00 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Após a eclosão da grande crise mundial do Petróleo, em 1973, os países começaram a economizar combustíveis fósseis e a procurar novas fontes alternativas de energia. O Brasil, por ser um país tropical de grande extensão territorial, criou dois programas para utilização de energia de biomassa: o Pro-álcool (Programa Nacional do Álcool) e o Pro-óleo (Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos). O Pro-álcool visava abastecer com etanol, veículos movidos à gasolina e, o Pro-óleo tinha como objetivo, encontrar um sucedâneo para o óleo diesel de petróleo, que fosse produzido a partir de óleos vegetais. O Pro-óleo previa adicionar até 30% de óleo vegetal no óleo diesel, com a perspectiva de, a longo prazo, haver a substituição total do óleo diesel pelo óleo vegetal.

O Pro-álcool foi um sucesso, e demonstrou ao mundo que é possível substituir os combustíveis fósseis nos veículos de motores de ignição (motores de explosão).

A descoberta do processo de produção do sucedâneo do diesel mineral feita pelo pesquisador cearense Expedito José de Sá Parente, em 1980, comprova o pioneirismo do Brasil no aproveitamento de óleos vegetais para uso em motores à diesel.

O combustível derivado de óleos vegetais ou de gorduras animais, que pode substituir o diesel de petróleo foi patenteado pelos cientistas do Ceará com o nome de Prodiesel, que é o mesmo biodiesel conhecido atualmente.

No momento, o Biodiesel é usado, em larga escala, em vários países do planeta, dentre eles Alemanha, França, Estados Unidos e Austrália. O Brasil, embora tenha sido pioneiro na produção do Biodiesel, e possua todas as condições ecológicas, tecnológicas e de espaço territorial, ainda não deslanchou o seu programa de produção e uso desta nova fonte energética, em grande escala. O País é hoje o maior produtor e consumidor mundial de etanol, com fins energéticos, e tem, também, todas as condições de ser o maior produtor de Biodiesel.

O óleo diesel mineral é um combustível não renovável, caro, produzido somente por grandes empresas, que está aceleradamente se esgotando. É altamente deletério à natureza, tanto na sua produção como no seu uso, devido à emissão de gases indesejáveis para a atmosfera feita pelos veículos e fábricas que o utilizam.

O Biodiesel, ao contrario, é um combustível renovável, pouco poluente, biodegradável, não corrosivo e isento de enxofre. Pode ser produzido por pequenas empresas, utilizando sementes de oleaginosas cultivadas por pequenos produtores. Substitui o óleo diesel mineral, com vantagens ecológica, social e econômica. O Biodiesel é obtido pela reação química de transesterificação de óleos vegetais com etanol ou metanol, tendo como catalisador o hidróxido de sódio ou o hidróxido de potássio, resultando como produto final, o Biodiesel, e como subproduto, a glicerina.

A utilização do Biodiesel como opção energética é de vital importância para a Região Nordeste, tanto do ponto de vista energético propriamente dito, como nos aspectos econômicos, sóciais e ambientais.

Quanto à geração de energia elétrica, sabe-se que a grande maioria dos rios do Nordeste são temporários, ou seja, só possuem deflúvios durante o período chuvoso, portanto não sendo apropriados para a instalação de hidrelétricas. Quase toda a energia elétrica do Nordeste é gerada em apenas dois rios: o São Francisco e o Parnaíba, que são os dois grandes rios permanentes da região e, por isso, apropriados para a instalação de hidrelétricas. A geração de energia elétrica no Nordeste brasileiro através de hidrelétricas, praticamente, já atingiu o seu limite. No rio São Francisco, que é rio de planalto e encachoeirado, já foram construídas nove hidrelétricas, não oferecendo mais opções de queda d´água (cachoeira) para a construção de novas usinas hidrelétricas. No rio Parnaíba já foi montada a Usina de Boa Esperança. Este rio, por ser de planíce, com poucas cachoeiras, praticamente não oferece outros locais para novas usinas. Ao Nordeste, restam as novas alternativas de geração de energia elétrica: energia eólica, energia fotovoltáica e termelétricas que utilizem Biodiesel.

O Nordeste pode tornar-se auto-suficiente em energia veicular e em energia elétrica, utilizando Biodiesel produzido a partir das oleaginosas que podem ser cultivadas, em grande escala, na Região, dentre as quais, a mamona, o algodão e o girassol.

Do ponto de vista social, estas oleaginosas cultivadas no Semi-Árido nordestino podem contribuir significativamente para a inclusão social de boa parte da população da região. São culturas conhecidas dos pequenos agricultores do Semi-Árido e não exigem tecnologias sofisticadas para serem obtidas.

Sabe-se que determinados produtos de grande importância econômica, que atualmente são produzidos no Semi-Árido e vendidos para o exterior, como camarão e peixe, criados em cativeiro, frutas frescas (melão, mamão, manga, e banana) e outros, não podem ser produzidos em toda a vasta extensão do Semi-Árido, além de exigirem elevado nível tecnológico para a sua produção e profundos conhecimentos sobre o mercado internacional.

Um produto que possa ser produzido pelo grande contingente populacional, sem qualificação profissional, e de baixo nível de instrução escolar, existente hoje na zona rural do Semi-Árido (assentados do Programa de Reforma Agrária e pequenos proprietários rurais), deve ter como características básicas, a resistência à seca e a não exigência de técnicas sofisticadas para a sua produção e comercialização. O algodão, a mamona e o girassol preenchem estes requisitos e, por isso, podem ser plenamente cultivados pela grande população sertaneja.

Outro aspecto fundamental, que favorece uma maior inclusão social do homem do Nordeste Seco, através do Biodiesel, é que o sistema de produção, em si, propiciará a instalação e funcionamento de um grande número de pequenas agroindustriais para produção e extração do óleo e subprodutos úteis, oriundos destas oleaginosas, favorecendo o surgimento de milhares e milhares de emprego para o povo da região.

No momento, acredita-se que, nenhuma outra alternativa de produção rural, tenha mais condição de incluir socialmente pessoas de pouca escolaridade da zona rural, do que a produção de Biodiesel.

Além de poderem ser cultivadas no Polígono das Secas, sem o uso de irrigação, estas leguminosas terão a garantia de compra no próprio local, em que forem produzidas e obterão preço compensador, já que vão substituir o petróleo, que é um produto caro. A produção de oleaginosas será o grande vetor da inclusão social no Nordeste brasileiro.