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Biodiesel

Argentina eleva tarifa de exportação do biodiesel


Agência Estado - 12 mar 2008 - 19:40 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

A Argentina elevará a tarifa de exportação sobre o biodiesel de 2,5% para 20%, segundo resolução publicada hoje no Boletim Oficial. O governo já havia anunciado, ontem, mudanças nas alíquotas de exportação de grãos e derivados, com taxas variáveis de acordo com o valor das vendas. Segundo o ministro da Economia, Martin Lousteau, as novas cobranças valerão por quatro anos.

A taxa sobre a exportação de soja será elevada de 35% para 46%, com base no preço de referência de US$ 538 por tonelada (FOB). Ainda de acordo com os preços correntes, o governo reduzirá a tarifa sobre o trigo, de 28% para 27%, e do milho, de 25% para 24%.

As vendas de farelo terão uma alíquota três pontos percentuais mais baixa do que a da soja, enquanto o óleo de soja terá uma taxa quatro pontos menor. Já a cobrança sobre as exportações de farinha de trigo ficará 10 pontos percentuais aquém da cobrada sobre os embarques do cereal.

Com o aumento dos impostos sobre a soja, o governo espera frear a rápida expansão do cultivo no país. "A soja compete diretamente com outros produtos que queremos estimular, como carne, leite e trigo", justificou Lousteau. "Queremos garantir o abastecimento interno de alimentos a preços acessíveis para as famílias argentinas", afirmou o ministro.

As autoridades argentinas têm adotado várias políticas para controlar o aumento dos preços de carne, pão, leite e outros produtos básicos em meio à escalada das cotações internacionais das commodities. Entre outras medidas, o governo limitou as exportações e promoveu tabelamento de preços. As informações são da Dow Jones.

Gerson Freitas Jr.

Produtores rurais argentinos farão boicote amanhã

As entidades ruralistas da Argentina decidiram iniciar um boicote nacional amanhã e na sexta-feira contra a política agropecuária do governo de Cristina Fernández de Kirchner. O anúncio foi feito um dia depois da decisão do Ministério de Economia de aumentar os impostos sobre as exportações de grãos, denominados "retenciones" (retenção, em português). O ministro Martín Lousteau anunciou ontem mudanças na tabela variável de impostos sobre a exportação de grãos.

A tarifa aplicada sobre a venda de soja e derivados e óleo de girassol foi elevada em 7 a 9 pontos percentuais, com base no nível de preços vigente. Já as exportações de trigo e milho tiveram uma redução de 1 ponto percentual na taxa. Em novembro, o governo aumentou a tarifa de exportação da soja, de 27,5% para 35%, e do óleo de soja, de 24% para 32%. Na ocasião, a alíquota sobre a venda de trigo subiu de 20% para 28%, enquanto a do milho cresceu de 20% para 25%. Hoje, resolução publicada no Boletim Oficial aumentou a tarifa de exportação sobre o biodiesel de 2,5% para 20%.

Em uma entrevista coletiva à imprensa, as Confederações Rurais (CRA), Federação Agrária, Sociedade Rural e Coninagro denunciaram que as medidas anunciadas por Lousteau tirarão do setor cerca de US$ 2,4 bilhões. O presidente da CRA, Mario Llambías, criticou a política do governo para o campo ao dizer que "vemos que dia a dia se complica mais o futuro dos argentinos".

"Quando pedimos para participar da elaboração das políticas, não o fazemos pensando só no produtor agropecuário, mas no país que tem a grande oportunidade de crescer e desenvolver-se, e vemos que as possibilidades vão diminuindo", afirmou Llambias. Segundo ele, nos últimos cinco anos foi o campo que "colaborou com outros setores para tirar o país de uma grande crise". Ele destacou ainda que "o interior novamente está sendo despojado porque os US$ 2,4 bilhões, são transferidos em parte para as contas do Tesouro e em parte para outros setores das cadeias, e nossas províncias produtoras também ficam afetadas por este tipo de medida".

Marina Guimarães