Alagoas pode produzir biodiesel a partir do óleo de cozinha
Uma experiência pioneira no interior de São Paulo, que utiliza resíduos de gordura e óleo de cozinha na produção de biodiesel, trouxe a Maceió o professor Antônio José Maciel, da Unicamp. Segundo ele, a utilização de fontes alternativas de energia é uma realidade em Indaiatuba, cidade próxima a Campinas, cujo projeto pode servir de modelo para outros municípios, inclusive em Alagoas.
O pesquisador encerra hoje sua visita ao Estado, com mais uma reunião de trabalho com a coordenação do Programa do Biodiesel de Alagoas (Probiodiesel/AL) da Secretaria do Planejamento e do Orçamento. Ontem, ele proferiu palestra no auditório do Sebrae, onde expôs os principais pontos do projeto Biodiesel Urbano, desenvolvido em parceria com a Prefeitura de Indaiatuba.
"Em linhas gerais, é preciso que fique claro o caráter social da iniciativa. Usar um material residual como matéria-prima, desenvolver uma logística que assegure a produção dessa energia e fazer esse produto chegar até a população é o grande desafio, que envolve interesse coletivo e educação ambiental", salienta o professor.
Segundo ele, agregar valor a um produto geralmente descartado é uma forma de fazer inclusão social urbana com resultados palpáveis. "Não adianta alimentar esse tipo de reciclagem atribuindo um valor ao litro do óleo, como hoje em dia se faz com as latinhas de alumínio, retiradas do lixo por um verdadeiro exército de catadores em todo o país. É preciso deixar claro que o ganho a ser obtido com a utilização de uma energia limpa é da coletividade", afirma Antônio Maciel.
Um subproduto do tratamento do óleo residual na produção do biodiesel é a glicerina, que pode e deve ser usada na fabricação de sabão, detergente e outros produtos com valor diferenciado. "Seria o oposto do que é feito hoje com a coleta clandestina de óleo destinada para esse fim, sem qualquer preocupação ambiental", revela.
Para o professor da Unicamp, todo processo depende de uma mudança de hábitos e costumes. "Aspectos que envolvem proteção ambiental, inclusão social, geração de emprego e renda são fundamentais nas sociedades que querem eliminar ou minimizar as desigualdades. Por isso acredito que, com o devido acompanhamento técnico, projetos dessa natureza podem ser implantados em qualquer município do país", esclarece.
Experiência de Sucesso - Em Indaiatuba são recolhidos dez mil litros de óleo por mês, que se transformam em nove mil litros de biodiesel. Quantidade que abastece boa parte da frota de veículos usada pela prefeitura. A iniciativa gera uma economia aos cofres municipais de R$ 1 milhão ao ano. "Além da economia, esse projeto tem evitado que enormes quantidades de óleo sejam despejadas diariamente nos esgotos", destaca Maciel.
O superintendente de Fomento a Estratégia de Desenvolvimento da Secretaria de Estado do Planejamento e do Orçamento, Moisés de Aguiar, o interesse da Seplan no projeto é estratégico, já que palestras e encontros dessa natureza promovem novas parcerias e intercâmbio de informações. "Com mais conhecimento no assunto, é possível desenvolver e apoiar iniciativas, tornando cada vez mais viável o Programa de Biodiesel de Alagoas", afirma Moisés.
Na palestra do dia 23, no Sebrae, também esteve presente o secretário adjunto de Minas e Energia de Alagoas, Geoberto Espírito Santos. Segundo ele, o projeto desenvolvido em Indaiatuba tem tudo a ver com o espírito pretendido pelo Governo do Estado, na área de inclusão social produtiva. "Promover o crescimento, com capacitação e respeito ao meio ambiente, é a meta de toda gestão responsável", resume o secretário.