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Explosão na Oleoplan: possibilidades e procedimentos


BiodieselBR.com - 12 abr 2011 - 14:19 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:16

Ontem, um tanque usado para o armazenamento e tratamento da água utilizada no processo de produção de biodiesel da Oleoplan explodiu matando um operário e ferindo sem gravidade outros dois. As causas do acidente e a extensão dos danos ainda não foram oficialmente divulgadas pela direção da empresa.

Em janeiro desse ano, uma explosão destruiu parte das instalações da SP Bio no município de Sumaré (SP). Segundo o sócio da empresa, Haroldo de Barros, o acidente foi provocado quando uma tempestade derrubou uma viga do telhado da usina bem em cima de um reator que estava operando sob pressão.

Possibilidade
O empresário especula que a explosão na Oleoplan possa ter sido causada durante uma operação de soldagem. “Todos os tanques de uma usina estão sujeitos à formação de gases. Isso inclui os tanques de água porque pode arrastar uma parte do metanol usado na produção do biodiesel. Então, sempre que for fazer um serviço, é preciso passar um vapor para dispersar qualquer gás que tenha se acumulado”, recomenda.

Em março de 2009 ocorreu uma explosão na unidade da Binatural em Formosa (GO). As condições desse acidente supostamente apresentam semelhanças com a explosão de ontem na Oleoplan. Enquanto na Binatural especulou-se que estava sendo realizada um solda em um tanque de armazenamento de glicerina, na Oleoplan os bombeiros trabalham com a hipótese de que ocorria uma solda no tanque de armazenamento de água. E tanto a glicerina que sobra da produção de biodiesel, quanto a água resultante do processo de lavagem podem conter traços de metanol e liberar gases capazes de provocar uma explosão.

Procedimentos
Após o acidente da Binatural, especialistas em segurança ouvidos pela BiodieselBR, afirmaram que seja qual for o serviço de manutenção, ele jamais pode ser executado com o tanque em uso e contendo substâncias inflamáveis. É preciso “esvaziar, lavar e dessolventizar para garantir a segurança” informa o engenheiro químico Richard Fontana, diretor de tecnologia da AustenBio, que acumula três décadas de experiência em indústrias químicas.

“Dessolventizar” significa retirar qualquer traço do solvente usado, que pode ser, por exemplo, álcool etílico ou metílico, ambos altamente inflamáveis e perigosos. Para retirar todos os resquícios do material, é preciso, depois da lavagem comum, aplicar vapor úmido a 140ºC no tanque, durante várias horas, antes de qualquer atividade que possa produzir faísca. “O álcool pode entrar nos poros, nos interstícios. E é preciso tomar toda a precaução”, diz Fontana.

Atuação da ANP
De acordo com Barros, há uma série de procedimentos que precisam ser obedecidos sempre que um acidente de maior importância é registrado dentro de uma usina de biodiesel. A começar a usina tem até 48 horas para comunicar o ocorrido à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “Mesmo no nosso caso em que o acidente aconteceu numa unidade que não estava diretamente relacionada à produção de biodiesel, a legislação exige que a notificação seja feita”, prossegue.

Assim que é notificada a agência reguladora imediatamente despacha um técnico para avaliar a situação da usina e emitir um parecer sobre suas condições. E com base nesse relatório, a ANP pode decidir se a usina apresenta condições para voltar a operar com segurança ou se há necessidade de interdição das instalações para que sejam providenciados os reparos necessários.

Informações obtidas pela BiodieselBR indicam que a Binatural chegou a ficar 15 dias parada após o acidente por determinação da ANP.

A assessoria de imprensa da agência confirmou que já enviou um servidor ao local para averiguar a situação da unidade de Veranópolis. Uma possível paralisação na unidade depende da avaliação do técnico da ANP.

No 21º leilão de biodiesel, a usina vendeu 57,5 milhões de litros, 15 dias sem produção podem prejudicar a capacidade de entrega da empresa.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com