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Entenda o novo sistema dos leilões de biodiesel


Miguel Angelo Vedana - BiodieselBR - 12 ago 2011 - 08:04 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:17

Foi divulgado ontem o edital do 23º leilão de biodiesel e finalmente o setor pode saber os detalhes do novo sistema de leilões.

A mudança, antecipada pela BiodieselBR no mês passado, é sem dúvida a mais importante já realizada no setor de biodiesel. E agora com o edital lançado é possível saber qual será o impacto para cada usina.

10 lotes
Até o leilão 22 haviam apenas dois lotes, um para as unidades que possuíam o selo social e outro para todas as usinas. No próximo leilão o número de lotes subiu para dez, sendo cinco para quem tem o selo e cinco para todas as usinas. O motivo para haverem tantos lotes é que a compra de biodiesel passou a ser dividida pelas regiões do Brasil, sendo dois lotes para cada região. Na tabela abaixo você pode ver quais são os lotes de cada região e qual será o volume comprado em cada um deles.

VOLUME A SER ADQUIRIDO NO 23º LEILÃO
Regiões Total da região (m3) Lote com Selo (m3) Lote sem selo
(m3)
Sudeste 301.000 240.800 60.200
Sul 130.000 104.000 26.000
Nordeste 110.000 92.000 18.000
Centro-Oeste 77.000 61.600 15.400
Norte 77.000 61.600 15.400

O preço do biodiesel
Até o 20º leilão o preço do biodiesel era o mesmo para todos os itens. Nos dois leilões seguintes passou a existir dois preços diferentes, um para os lotes grandes e outros para os lotes menores. Quaisquer que tenham sido as intenções para a existência de dois preços elas não tiveram efeito prático visível. O que se viu foram os preços dos lotes menores caindo para o mesmo nível dos lotes maiores.

Dessa vez a ANP optou por colocar quatro preços diferentes, um para cada região, sendo que o Sul e o Centro-Oeste ficaram com o mesmo valor máximo. Quatro preços diferentes seriam igualmente inócuos para o certame se os motivos fossem os mesmos dos dois últimos leilões, mas como o modelo é completamente diferente, é muito provável que o biodiesel tenha grandes diferenças de preço entre um lote e outro.

O impacto desse novo modelo de vários preços está diretamente ligado ao Fator de Ajuste Logístico (FAL). Esse fator precisará ser acrescentado pelas usinas na hora de dar os lances. Assim, se uma usina no RS quiser receber R$ 2,00 pelo litro do biodiesel vendido para a região Sudeste, ela terá que dar um lance de R$ 2,1964, já que o FAL para esse trecho é de R$ 0,1964, que será descontado do preço final. Se quiser receber o mesmo valor para o biodiesel vendido para o Nordeste, terá que dar um lance de R$ 2,4488.

Os preços diferenciados, em conjunto com o FAL, fazem desse leilão algo completamente novo para as usinas. Grande parte das estratégias adotadas nos certames passados não poderão ser usadas nesse novo modelo. Algumas usinas que não tinham competitividade, agora podem ser players importantes.

Equilíbrio
As usinas localizadas no Sudeste tem uma vantagem de pelo menos 10 centavos para as usinas de qualquer outra região do Brasil. Os grandes Estados produtores passaram a ter que considerar o FAL na hora de avaliar se são competitivos ou não com as usinas do Sudeste. Uma usina no Sudeste tem vantagem de 19 centavos para as usinas do Rio Grande do Sul, 15 centavos para as de Goiás e de 25 centavos para as do Mato Grosso quando o objetivo for vender para a maior região consumidora. Como o Sudeste vai comprar mais de 40% do biodiesel do leilão, as unidades dessa região passam a ter uma vantagem que não tinham antes.

Mesmo sabendo que essas usinas tem um custo de matéria-prima maior, já que precisam buscar o óleo vegetal mais longe, e o FAL pode não compensar esse custo maior, é preciso ter em mente que antes desse leilão essas usinas não contavam com essa vantagem e, mesmo assim, vinham vendendo biodiesel. Talvez por terem uma margem mais apertada de lucro nos leilões anteriores, essas usinas podem estar hoje mais competitivas que as usinas localizadas perto da matéria-prima.

Um leilão menos injusto
Com esse novo fator teremos uma mudança nas forças do biodiesel. As regiões Nordeste e Sudeste, que ficaram com pouco mais de 20% do biodiesel vendido no último leilão, poderão ter uma expressão maior no cenário nacional. Já o Centro-Oeste e o Sul deverão perder mercado, e dificilmente venderão 73% do volume total de biodiesel comercializado, como aconteceu no leilão 22.

Essa nova disputa não é uma solução perfeita para o setor. O fato do FAL não ser calculado a partir da cidade das usinas e da compra de biodiesel não acontecer por Estado ao invés de região, mostra que esse mesmo modelo pode ser aperfeiçoado. Contudo não dá para negar que ele é muito mais justo que o modelo anterior. E depois de analisar por algum tempo essa sistemática é fácil perceber o quão absurdo era o sistema anterior.

Observação: A BiodieselBR entrou em contato com a assessoria de imprensa da ANP para saber como o FAL foi calculado, mas até o momento a agência não se pronunciou.

Tamanho e nº de itens por lote e região


Miguel Angelo Vedana - BiodieselBR.com


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