Por um biodiesel mais puro e competitivo

Definir o teor de pureza do biodiesel é um grande desafio. Para solucionar o problema, pesquisadores brasileiros utilizam uma técnica capaz de determinar com precisão e rapidez o padrão de qualidade desse combustível, que é apontado como uma fonte energética alternativa ao diesel comum. O método usa um equipamento que identifica precisamente as diferentes substâncias presentes no biodiesel.

O aparelho usado chama-se espectrômetro de massa e indica a quantidade precisa de massa de cada elemento do composto, como glicerina e resíduos (algumas das substâncias que apontam a impureza do combustível). Além disso, possibilita a identificação do nível de degradação do biodiesel, fundamental para determinar seu comportamento durante o uso e as condições de armazenamento.

- Funciona como uma máquina fotográfica: tira-se uma 'foto' das substâncias existentes nas misturas analisadas e, em seguida, suas ocorrências são reveladas em gráficos detalhados -, explica o farmacêutico Rodrigo Catharino, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde foi desenvolvida a nova técnica.

Qualidade na produção
De início, a principal dificuldade enfrentada pelo grupo foi estabelecer um padrão de biodiesel puro e de qualidade controlada. Para isso, recorreu-se à química Camila Martins Garcia, também da Unicamp, que trabalha com a síntese do produto a partir de diferentes fontes, como óleo de soja e sebo animal. Ela produziu os biocombustíveis usados na criação da escala de qualidade e também foi responsável por sua posterior purificação. Garcia ressalta, porém, que a purificação não é uma etapa desvinculada da síntese do produto, e, por isso, caso o combustível não seja produzido adequadamente, haverá o comprometimento de sua purificação.

O método criado poderá ser adotado em breve pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), um dos parceiros do projeto. A busca de melhorias na produção e avaliação do biodiesel tem como um dos objetivos fazer com que o produto brasileiro seja ainda mais competitivo no mercado internacional.

Andressa Spata Ciência Hoje/RJ