O Protocolo de Kyoto e o Biodiesel

O aumento da temperatura do planeta devido à alta concentração de gases na atmosfera e conseqüente buraco na camada de ozônio levou governantes, dirigentes e cientistas a discorrerem sobre o assunto em reuniões as quais estabeleceram princípios ecológicos a serem seguidos, como por exemplo, o protocolo de Kyoto.

Esse protocolo compromete uma série de nações industrializadas a reduzir suas emissões de gases em 5,2% - em relação aos níveis de 1990 – para o período de 2008-2012. Esses países devem mostrar “um progresso visível” no ano de 2005, ainda que não se tenha chegado a um acordo sobre o significado desse item.

Foram estabelecidos também “mecanismos de flexibilidade” que permitem a esses países cumprir com as exigências de redução de emissões, fora de seus territórios, através dos chamados “créditos de carbono”. Esses “créditos de carbono” serão comercializados entre países de um mesmo mercado de carbono. As negociações acerca dos detalhes, incluindo a forma em que se distribuirão os benefícios, estão em andamento.

A principal colaboração do biodiesel já avaliada tem sido a relação da emissão de gases na atmosfera. O uso do biodiesel metílico em comparação com o diesel mineral reduz as emissões dos gases causadores do efeito estufa em 95%, no biodiesel etílico essa redução é de 96,2% o que demonstra uma relação pouco significativa entre a utilização de um ou outro álcool e a emissão de gases poluentes.

Uma importante observação a ser feita, é que as emissões de poluentes locais do biodiesel variam, basicamente, em função do tipo de óleo vegetal (soja, mamona, girassol, etc.) ou gordura animal usados na produção. Uma avaliação feita com o biodiesel puro (B100) produzido com a utilização de óleo de soja mostrou redução das emissões de monóxido de carbono (CO) em 48%, de material particulado (MP) em 47%, de óxido de enxofre (Sox) em praticamente 100% e dos hidrocarbonetos totais (HC) em 67%.

Entretanto, conforme apresentado pelo Relatório Final do Grupo de Trabalho Interministerial em Dezembro de 2003, “em relação ao diesel de origem fóssil, o uso do biodiesel aumenta em aproximadamente 10% as emissões de óxido de nitrogênio (NOx9), o que não deve constituir obstáculo para seu uso devido às grandes vantagens em relação aos outros poluentes. Ademais, há estudos em andamento visando reduzir a formação do NOx mediante o emprego de catalisadores adequados, a identificação da fonte ou propriedade que pode ser modificada para minimizar as emissões e a mudança do tempo de ignição do combustível, com a finalidade de alterar as condições de pressão e temperatura de modo a proporcionar menor formação de óxido de nitrogênio.”.


Efeito do Biodiesel sobre as Emissões Associadas ao Diesel


Vale ressaltar que o transporte de petróleo e derivados é de alto risco ambiental, causando conseqüências inestimáveis à fauna e a flora. Pode-se tomar como parâmetro o litoral norte do estado de São Paulo, onde entre 1974 e o ano 2000 foram encontradas 232 ocorrências de vazamentos de petróleo10. Isso equivale a aproximadamente 20.000 metros cúbicos de óleo que foram despejados apenas no litoral norte de São Paulo, se essa relação for ampliada para o extenso litoral brasileiro e somando-se a ela os vazamentos ocorridos no transporte em terra por dutos, caminhões e até mesmo nas refinarias, tem-se um cenário ambiental gravíssimo, ao meio ambiente: recursos hídricos de abastecimento e a população geral.

Dentro deste cenário, o biodiesel possui uma vantagem muito importante, pois trata-se de um combustível atóxico e biodegradável, não apresentando riscos de contaminação ao ser transportado, manipulado e armazenado.

O protocolo de Kyoto obriga as nações a diminuírem a porcentagem de poluentes e gases liberados na atmosfera. Com isso, o desenvolvimento de novas tecnologias para redução de emissão de gases, caracterizará a base de governos e destino de investimentos. A fabricação e utilização do biodiesel vêm de encontro a essa tendência.

A vantagem deste combustível em termos ambientais refere-se a necessidade de redução das emissões de poluentes na atmosfera e venda de créditos de carbono como “subproduto” da refinaria.