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2007

A expansão do etanol prejudica crescimento do biodiesel


Julho 2007 - 03 jul 2007 - 21:00 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Com agricultores plantando mais milho, o preço da soja está ficando proibitivo.

Agricultores norte-americanos viram os preços altos do milho nesta primavera e plantaram até mais que o esperado. Isso pode ajudar a segurar os preços dos alimentos, mas é má notícia para os fabricantes de biodiesel que dependem do óleo de soja.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) relatou na última sexta-feira que agricultores em todo país plantaram 92,9 milhões de acres de milho este ano - 19 por cento a mais que no ano passado e 3 por cento a mais que o projetado pelo governo em março. A demanda por etanol levou os agricultores dos Estados Unidos a plantar mais milho desde 1944.

Mas essa área extra em acres de milho significa que esses agricultores dedicaram 15 por cento menos terra para soja.

O preço do óleo de soja está "quase no ponto onde não é economicamente viável fazer biodiesel", disse Dan Holesinger, gerente da Clinton County Bio Energy.

"Nós estamos andando na beira do abismo nos últimos meses", Holesinger disse. "Nós temos que considerar todas as nossas opções, e uma delas pode ser simplesmente não produzir."

Iowa tem 11 plantas de biodiesel, com uma capacidade de produção de quase 198 milhões de galões por ano, de acordo com a Iowa Renewable Fuels Association (Associação de Combustíveis Renováveis de Iowa). Mais três plantas estão em obras que terão uma capacidade de produção de 120 milhões de galões. A associação estima que as plantas de biodiesel existentes suportem mais ou menos 3.469 empregos.

Os preços da soja subiram depois que o relatório do USDA foi divulgado, enquanto o milho futuro caiu.

O preço da soja para entrega em novembro subiu mais de 39 centavos, para US$8,82 o bushel na Bolsa de Chicago. Milho para entrega em dezembro subiu mais ou menos 7 centavos, para US$3,51 o bushel.

Os plantadores do Iowa seguiram a tendência nacional, plantando 14,3 milhões de acres de milho este ano, um aumento de 13 por cento em relação a 2007 e a maior área em acres do país.

A área em acres de soja do estado caiu de 10,2 milhões em 2006 para 8,8 milhões este ano.

Os preços do milho subiram rapidamente no ano passado, levados pela demanda por grãos para fazer etanol. Os plantadores se animaram com o aumento de preço, mas os preços mais altos do milho foram culpados pelos recentes aumentos no preço do leite e laticínios. Produtores de gado, frigoríficos e produtores de alimentos reclamaram da política federal de estímulo ao uso do etanol.

As notícias de sexta-feira "significam que você terá um pouco menos de diminuição na produção de carne e ainda não um aumento no preço da carne", disse o economista-chefe do USDA, Keith Collins.

Tão sensível é o tema alimentos x combustível que o National Corn Growers Association deu boas-vindas sexta-feira ao relatório do USDA com um release intitulado: "92,9 MILHÕES DE ACRES!"

"O produtor falou," disse Don Roose, presidente da U.S. Commodities, uma firma de pesquisa e corretagem em West Des Moines. "Era uma situação fácil pensar na rentabilidade do milho contra soja no inverno quando você estava decidindo o que plantar, e foi o que ele fez."

Roose disse que o relatório deveria estimular o Brasil e outros países sul-americanos a aumentar sua produção de soja para preencher o buraco que está sendo deixado pelos agricultores dos Estados Unidos.

Gary Edwards, que planta próximo de Anamosa a leste de Cedar Rapids, é um típico agricultor do Iowa. Ele costumava plantar quantias iguais de milho e soja, mas nesta primavera ele semeou 350 acres com milho e só 150 com soja.

"Você tem que olhar para o mercado e ver o que vai te dar o melhor preço no ano," disse Edwards. No ano que vem pode ser diferente. "Se o feijão continuar subindo, quem sabe o que nós vamos fazer na próxima primavera?"

Usinas fechando
A indústria de biodiesel dos Estados Unidos já tem lutado para nivelar com o preço do óleo de soja próximo ao ponto do break-even. A produção triplicou por dois anos seguidos, de 25 milhões de galões em 2004 a 75 milhões de galões em 2005 e então para 250 milhões de galões no ano passado, de acordo com o National Biodiesel Board. Ainda não está certo se a produção deste ano passará da do ano passado, disse Joe Jobe,  executivo chefe do National Biodiesel Board.

"Se os preços do petróleo não refinado e do diesel permanecer relativamente altos, nós ainda estaremos produzindo biodiesel," ele disse. "Se o preço do diesel cair mais e voltar para menos de US$2 o galão, usinas estarão fechando."

Empresas alimentícias, que contam com óleo de soja para cozinha e outros usos, também pagarão mais.

"Este tipo de movimento nos preços provavelmente criará uma pausa em toda aquela área," disse Cal Meyer, um vice-presidente da Ag Processing Inc., que opera seis plantas processadoras de soja em Iowa, inclusive uma em Sergeant Bluff que produz biodiesel.

Neil Rich, CEO da Riksch Biofuels em Crawfordsville no sudeste do Iowa, disse que um aumento de 10 por cento no suprimento de soja ao longo do ano passado o faz otimista de que os preços possam cair.

"Eu não sei o quanto eles cairão, mas esta é a minha esperança," Rica disse. "Nós estaremos preparados para o pior e faremos os melhores preços."

Os grandes declínios na área em acres de soja nesta primavera ocorreram no Corn Belt e nas Grandes Planícies, de acordo com o USDA. No Sul, agricultores trocaram do algodão para o milho. A área medida em acres de algodão caiu 28 por cento.

O relatório também mostrou que os agricultores aumentaram seu uso de sementes geneticamente modificadas, inclusive variedades que são tóxicas para pragas do milho. Setenta e oito por cento do milho plantado nesta primavera no Iowa era transgênico, acima de 64 por cento no ano passado.

O relatório foi baseado em uma sondagem de 88.000 agricultores em todo o país durante as primeiras duas semanas de junho.

Soja versus Milho - Biodiesel versus Etanol

Fonte: DesMoinesRegister.com