PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Diesel

Diesel Combustível


BiodieselBR - 29 jan 2006 - 23:00 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

O Brasil é um país historicamente dependente de óleo diesel importado. Porém em 2006 nos tornamos um país auto-suficiente na produção de petróleo. Em 2004, foram produzidos 1,49 milhões de barris de petróleo por dia, e consumidos 1,7 milhões de bpd de derivados de petróleo.

Desde 2003, a Petrobras corre atrás da modernização de suas refinarias para melhorar a qualidade dos produtos e processar mais óleo nacional. A Petrobras está investindo para que sua produção atenda a toda demanda nacional. São investimentos na adequação e na expansão do parque de refino ao perfil de consumo nacional. Esses investimentos devem ser realizados de forma contínua, para que a demanda crescente seja suprida sistematicamente pelos anos posteriores.

Pelo Plano Estratégico da Petrobras, o objetivo da empresa é de que em 2010 a produção esteja em um patamar equivalente a 114% do valor da demanda, um incremento de 270 mil barris de petróleo por dia (bpd) na carga processada no parque existente, e aumento em 300 mil bpd do óleo nacional processado. O total de investimentos em adequação, qualidade e expansão do parque de refino nacional, segundo o plano, será de US$ 9 bilhões até 2010.

De acordo com a Ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, a auto-suficiência brasileira em petróleo e derivados não deverá ser alcançada no curto prazo. O Brasil deverá importar cerca de 4 bilhões de litros de óleo diesel anualmente nesse período, o equivalente a 10% da demanda total no país.

Entre 2000 e 2004, a média anual de importação de diesel mineral foi de 5,1 bilhões de litros. Em 2004, o Brasil importou 2,7 bilhões de litros de óleo diesel, demonstrando que 36 os esforços da Petrobras contribuíram para uma significativa queda na dependência de diesel refinado internacional. Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN 2004), o país consumiu em média 38,08 bilhões de litros anuais de óleo diesel entre 2000 e 2004. A estimativa do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (SINDICOM) é que em 2004 foram consumidos 39,1 bilhões de litros, um recorde histórico.

Em 2003, os dispêndios com importação somente de diesel representaram 37,2% dos gastos totais com importação de combustíveis. O montante correspondente foi de 792 milhões de dólares (FOB). Esse valor em 2004 representou pouco mais de US$ 826 milhões, um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior. A quantidade de barris, no entanto, caiu 29,4 %. A cotação internacional do petróleo contribui para aumentar tais dispêndios, devido à alta dos preços. Apesar da redução da quantidade de barris importados, em resposta ao aumento da capacidade produtiva da Petrobras, o dispêndio para os próximos anos ainda deve ser elevado.

O consumo do diesel no Brasil pode ser dividido em três grandes setores: o de transportes, representando mais de 75% do total consumido; o agropecuário, representado cerca de 16% do consumo; e o de transformação, que utiliza o produto na geração de energia elétrica e corresponde à cerca de 5% do consumo total de diesel. O biodiesel entra fortemente como combustível substituto nos três setores, podendo ser utilizado puro (B100) no de transformação, em geradores, e agropecuário, em tratores. Pode ser utilizado como aditivo no setor de maior consumo de óleo diesel, o de transportes.

Pesquisas realizadas com motores de ciclo diesel demonstraram que misturas até 5% de biodiesel funcionam perfeitamente, como um aditivo ao combustível mineral, e não 24 comprometem a eficiência e a durabilidade do motor. A Anfavea - Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores - reconheceu o resultado das pesquisas e informou que manterá a garantia para os motores abastecidos com a mistura, que começará em 2%, com a perspectiva de chegar a 5% em 2010.

Abastecimento do Mercado Interno: Refinarias, Distribuidoras, TRR, postos revendedores

O abastecimento do mercado interno de diesel se dá a partir de 13 refinarias, das quais 10 pertencentes à Petrobras, 01 operada pela Petrobras tendo a REPSOL-YPF como sócia e duas refinarias privadas.

Existem cadastradas na ANP 254 distribuidoras de combustíveis líquidos, das quais estão operando regularmente 149 sendo que 138 possuem postos ostentando sua marca (bandeira).

Atuam no mercado brasileiro 565 TRR’s e 29.739 postos revendedores, também segundo informações da ANP.

Observa-se um grande destaque na venda de diesel para postos revendedores, cujo destino final do produto não pode ser claramente identificado. No entanto, convém ressaltar que a venda desses postos revendedores se concentra para o segmento de transporte e, em menor escala, para o setor agrícola.

Analogamente, as vendas para TRR não permitem a efetiva identificação do consumidor final, porém, tradicionalmente, o mercado desse segmento é o agrícola e, em menor escala a pequena indústria, comércio e transporte.

As vendas em que o segmento consumidor pode ser claramente identificado, referem-se, exclusivamente àquelas efetuadas diretamente pelas companhias distribuidoras.

Existe uma forte presença de postos bandeira branca, ou seja, aqueles que não ostentam a marca de qualquer empresa e, portanto, podem adquirir seu combustível de qualquer distribuidora, e talvez mais do que isso, a velocidade de crescimento desse tipo de estabelecimento. Até 2001, os postos bandeira branca representavam menos de 18 % do total, estando na segunda posição. Em 2002, os postos bandeira branca passaram para a primeira posição, com mais de 26% de participação e em 2003, segundo dados preliminares da ANP, a participação dos postos bandeira branca já supera a 31%.

Merece, também, comentários a desigual distribuição de postos entre as diversas bandeiras. Em 2002, enquanto seis distribuidoras possuem 60% dos postos ostentando suas bandeiras, 132 distribuidoras possuem apenas 14 % dos postos. 

Política de Preços do Diesel

Após a desregulamentação da cadeia de downstream no Brasil, a partir de janeiro de 2002, os preços dos derivados foram liberados de qualquer tipo de intervenção governamental, inclusive com a interrupção de diversos subsídios até então distribuídos. Foi permitida a participação de agentes privados na exportação e importação de produtos de petróleo.
Mesmo com a liberalização do mercado, o que se observa atualmente é uma fase de transição, na qual a atuação de empresas de capital privado ainda não é fortemente ativa.

Isso ocorre tanto por motivos legais quanto pelo domínio do mercado exercido pela Petrobras. A atual legislação não permite a integração vertical nas áreas de distribuição e varejo, e cria um agente intermediário entre refino e distribuição – os formuladores. A Petrobras tem o domínio de cerca de 96% do parque de refino, o que demonstra a clara intenção do governo em continuar influenciando o mercado de petróleo nacional.

Até 2002, os preços eram reajustados com base nos preços internacionais do óleo cru e na taxa de câmbio, trimestralmente, de acordo com uma fórmula pré-estabelecida. O ajuste não era repassado diretamente para os consumidores, mas sim para a Parcela de Preço Específica (PPE), posteriormente substituída pela Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE. Com o fim da regulação no setor, esperava-se que fosse adotado um sistema de paridade de importação, ajustando os preços domésticos em função dos internacionais.

O governo, porém, continuou influenciando a baixa dos preços através do controle exercido pela Petrobras, tornando difícil para os agentes privados importar derivados por preços competitivos, especialmente no caso do óleo diesel. Dados indicam que a importação de diesel da Petrobras foi cerca de 19 vezes maior do que a de todos os outros agentes juntos, no primeiro semestre de 2003.

Apesar da alta dos preços internacionais de petróleo em 2004, a Petrobras segurou o preço doméstico para evitar grandes elevações nas taxas de inflação. A estatal, ao contrário dos outros agentes, pode segurar a alta gerando receita pela exportação de óleo cru e pela venda de derivativos a preços mais elevados para agentes locais. De fato, as refinarias privadas (Manguinhos e Ipiranga) tiveram que reduzir sua produção em 40% em 2004 para evitar perdas com os altos gastos de importação. O que se conclui é que, mesmo com a tendência governamental de continuar exercendo influência sobre o preço dos combustíveis, a política de preços é pouco clara e incerta no longo prazo