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Os problemas da Brasil Ecodiesel não acabaram


BiodieselBR.com - 20 out 2009 - 16:06 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:09

A semana foi particularmente boa para a Ecodiesel. Foi uma seqüência de notícias positivas como há tempos não se via na empresa. O recorde de produção, a alta de mais de 20% nas ações e as declarações otimistas de seus dirigentes sobre os resultados e o futuro da empresa fazem com que os problemas enfrentados no último ano pareçam distantes.

Foram também apresentados alguns pontos que possivelmente serão incluídos no planejamento estratégico da empresa para os próximos cinco anos. Entre eles, uma possível compra de usinas, situação que causa um certo desconforto àqueles que conhecem a ociosidade das unidades da empresa.

Somadas, as usinas da Ecodiesel têm capacidade autorizada de produção de 723,9 milhões de litros por ano. Mas até hoje a empresa não chegou nem perto dessa marca. Se pegarmos o mês em que ela mais produziu biodiesel em 2009 (21,2 milhões de litros em agosto) e multiplicarmos pelo número de meses do ano, teremos uma produção anual de 254,4 milhões de litros, que correspondem a uma ocupação de 35,14%. Se a conta for feita com a maior produção mensal da história da empresa (31 milhões de litros em outubro de 2007), teremos uma ocupação de 51%. Ou seja, a empresa tem muita capacidade ociosa e precisa pensar o que fazer com ela antes de comprar novas usinas.

É por essa razão que a venda de usinas deve ser um dos pontos tratados na reestruturação da empresa. Seus dirigentes já admitiram que as unidades de Floriano e Crateús têm problemas logísticos que tornam o biodiesel produzido nelas mais caro. Dessa forma, a venda dessas usinas é uma ótima saída para reduzir a ociosidade da produção e diminuir os gastos. O problema é achar comprador para elas. Da mesma forma que é caro para a Ecodiesel produzir biodiesel nessas unidades, será caro para quem comprá-las. Talvez seja necessário para a empresa desativar oficialmente essas usinas.

A Brasil Ecodiesel fala em possibilidades de aquisições, mas, em resumo, a companhia não pode simplesmente aumentar sua capacidade produtiva sem fazer uma análise profunda nas unidades existentes. Cada uma delas precisa ser mais eficiente (como já concordou sua diretoria) e para isso ela precisa trocar usinas com alto custo de produção por usinas com baixo custo, além de rever os processos das usinas restantes, uma vez que esse parque industrial inativo só gera gastos (que não devem ser pequenos).

Além dessa suposta intenção de adquirir outras usinas, a Brasil Ecodiesel também intenciona modificar sua situação na originação de matéria-prima em duas frentes. A primeira acontecerá através da produção própria de 42 mil hectares de pinhão-manso. É uma aposta que pode trazer enorme vantagem competitiva, ou então um novo problema.

Isso porque a jatropha ainda está em fase inicial de estudo e as pesquisas não trouxeram resultados definitivos para um plantio em larga escala. Entre os principais problemas da planta estão as dúvidas sobre a produtividade por hectare e os elevados custos com mão-de-obra.

Por outro lado, o fato da cultura ser nova traz inúmeras possibilidades de cultivo e manejo que podem torná-la viável. O atual presidente da Ecodiesel informou já ter tido experiências com a planta e pode ter dados muito positivos que a tornam uma alternativa menos arriscada para a empresa. Não seria surpresa se ela estivesse planejando algum tipo de parceria para esses plantios, já que isso poderia reduzir muito o risco da empreitada.

A outra mudança na forma de adquirir sua matéria-prima está nas unidades de esmagamento de grãos. A companhia tem duas unidades de esmagamento que nunca funcionaram e ainda não decidiu o que fazer com elas. É sabido por todos que uma usina verticalizada tem menores custos de produção, e como o elo mais próximo da usina de biodiesel em uma verticalização é a unidade de extração de óleo, nada mais natural para uma empresa de biodiesel do que integrar esse elo. Por esse motivo, vender as unidades de esmagamento e não comprar outras melhor localizadas ou não formar parcerias com empresas que já trabalham com a extração de óleo não é uma boa solução no longo prazo. Em um mercado sem leilões, a concorrência será muito mais acirrada e qualquer centavo a menos no custo de produção será uma grande vantagem.

Dessa forma, é mais provável que ela comece a trabalhar com extração de óleo, seja em suas atuais unidades ou em outras a serem compradas ou de parceiros. Em um planejamento de cinco anos, a Ecodiesel não poderá deixar de lado a produção de óleo, principalmente porque com os 42 mil hectares de pinhão-manso ela terá um enorme volume de grãos para esmagar.

Esse ano, a Brasil Ecodiesel superou seu maior problema: a falta de dinheiro. Agora é esperado que a empresa fique mais competitiva e resolva os problemas antigos, assim como a ociosidade de suas usinas. O plano estratégico que será divulgado até o final do ano dirá qual será a postura da empresa no setor.

Crescimento do plantio da soja

A ANP divulgou a produção de biodiesel do mês de agosto. O país produziu 154,6 milhões de litros de biodiesel e o Rio Grande do Sul foi o Estado que mais produziu: 44,15 milhões de litros, 28,55% do total.

Incluindo o mês de agosto, o país já produziu 965,25 milhões de litros no ano. A produção dos últimos quatro meses do ano deverá se manter em torno dos 160 milhões de litros mensais para atender a demanda. Com isso, deveremos ultrapassar ligeiramente os 1,6 bilhão de litros previstos anteriormente. Número este que colocará o Brasil entre os três maiores produtores de biodiesel.
Tags: Ecodiesel