PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
analises

[Análise] Produção da Brasil Ecodiesel preocupa


BiodieselBR.com - 23 jun 2008 - 07:15 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

A produção de biodiesel no Brasil durante os primeiros quatro meses de 2008 tem ficado no limite para atender a mistura obrigatória de B2. A produção de abril ficou em 62,1 milhões de litros, muito próxima da produção de março que foi de 61,8 milhões de litros.

A grande preocupação trazida no mês de abril é com a produção da Brasil Ecodiesel. Em março a empresa já teve uma produção bem abaixo da média (veja gráfico abaixo), mas a produção de abril foi muito pior. A empresa que já chegou a produzir 30,9 milhões de litros em um mês, produziu apenas 7,3 milhões de litros em abril.

A Brasil Ecodiesel tem capacidade de produção mensal autorizada de 51,75 milhões de litros, o que faz com que a empresa esteja com uma ociosidade próxima de 85%. Como a empresa não dá informações sobre o porquê da baixíssima produção, não se sabe quais motivos levaram a empresa a produzir tão pouco.

A empresa sempre esteve na frente no ranking mensal de produção. Isso até o mês de março, pois em abril a empresa caiu para a quarta colocação, ficando atrás de três esmagadoras, Granol, ADM e Caramuru, respectivamente. Contudo a empresa ainda é a que mais produziu biodiesel em 2008.

A Brasil Ecodiesel chama mais a atenção por ser a maior empresa de produção de biodiesel do Brasil. Esperava-se dela uma grande produção no ano do início da obrigatoriedade, e nos dois primeiros meses pareceu que a expectativa seria correspondida, mas nos dois meses seguintes o mesmo não ocorreu.

Fica agora a dúvida sobre porque a empresa está produzindo tão pouco e quais as conseqüências disso. Na divulgação do resultado do primeiro trimestre a Brasil Ecodiesel informou que estava sofrendo com problemas na retirada de biodiesel, causados pelas distribuidoras. Com isso sua produção foi menor do que o almejado, e rendeu multa de 16 milhões para as distribuidoras. Se esse for o motivo da baixíssima produção de biodiesel, as distribuidoras estarão com um problema gravíssimo de logística, pois serão quase 20 milhões de litros que deveriam ser retirados e não foram. Esta é uma hipótese improvável, pois o problema aparentemente está acontecendo apenas com a Ecodiesel, pois as outras empresas têm produzido dentro da média e depois do início do B2 não tem reclamado de problemas de retirada.

Caso o problema não seja externo e sim de produção, a Brasil Ecodiesel corre o risco de ficar fora dos próximos leilões de biodiesel realizados pela ANP. Para não ser inabilitada, a empresa tem que entregar em média cerca de 26 milhões de litros de biodiesel por mês (correspondente a 50% do volume arrematado nos leilões), não considerando as entregas dos leilões da Petrobras. Ficar impedida de participar dos leilões seria um golpe duro para a empresa.

Enquanto a Brasil Ecodiesel não fala sobre sua baixa produção, é preciso aguardar os números de maio para entender melhor a situação. Maio foi o primeiro mês do novo diretor-presidente José Carlos Aguilera, que deve trazer mudanças na forma com que a empresa vem trabalhando.

Produção mensal da Ecodiesel

Início do B3

As usinas que venderam biodiesel no leilão de abril para entrega a partir de julho já começaram a produzir para a formação de estoques. A produção mensal de biodiesel a partir de agora deverá ser um pouco superior a 100 milhões de litros para atender a demanda obrigatória.

Embora no mês de junho a cotação internacional do óleo de soja tenha voltado a subir, muitas usinas devem ter aproveitado o menor preço do óleo em maio e efetuado suas compras garantindo uma margem melhor.

Também os preços melhores praticados pelas usinas nos últimos leilões dão um maior fôlego e realização de lucros para o período de julho a setembro. O setor espera que essa tendência de preços permaneça para o restante do ano e mais especificamente, que os próximos leilões continuem a dar suporte nos preços. As usinas precisam de uma boa folga financeira nos preços do biodiesel no segundo semestre para compensar um pouco os prejuízos do primeiro.