Biodiesel à Base de Mamona
  RESUMO: 
Este artigo registra alguns programas estaduais de estímulo à ricinocultura para fins carburantes e estima a área necessária para que a mamona possa fornecer o volume de óleo para a produção de B2 equiparado ao consumo de diesel, em nível nacional e estadual. Por fim, levantam-se alguns entraves e possíveis soluções para que o biodiesel à base de mamona possa consolidar-se na matriz energética brasileira, sobretudo nas regiões semi-áridas do Nordeste brasileiro. Palavras-chave: biodiesel, mamona, meio ambiente, biocombustível, energia.
1 - INTRODUÇÃO
A mamoneira é uma planta nativa de 
países de clima tropical e subtropical que fornece 
um fruto semelhante a um carrapato. Por analogia, 
os antigos romanos denominaram-no ricinus. 
A ricinocultura constitui uma atividade 
econômica capaz de engajar-se em dois programas 
atuais do Governo Federal: o Fome Zero e o 
de Biodiesel. 
A importância da ricinocultura para o 
Programa Fome Zero deriva-se do próprio sistema 
de produção da mamona que, praticado por 
pequenos produtores, é intensivo em mão-deobra 
(gera empregos) e pode ser feito em consórcio 
e/ou rotação com outras culturas, aumentando 
não só a renda do agricultor por hectare, como 
também o volume de alimentos por área. 
Além de a mamona ser rústica, utilizar 
pouco agrotóxico e adaptar-se perfeitamente a 
regiões semi-áridas do Nordeste, onde às condições 
de vida são mais precárias, é possível extrair 
de suas sementes um óleo de características 
ímpares. 
Desde tempos primórdios, o óleo de rícino 
era utilizado para geração de luz (energia) e 
para fins medicinais (purgativo e ungüento para 
as moléstias das articulações, inflamações em 
geral, dor de ouvido e assaduras). Nas décadas 
de 1970 e 1980, a mamona, assim como outras 
fontes renováveis de energia, ganhou destaque 
pela possibilidade de utilização como substituto 
dos derivados do petróleo. A partir desse período, 
foram descobertas inúmeras aplicações industriais 
para o óleo de mamona: revestimentos 
protetores (tintas e vernizes) impermeabilizantes 
de superfície, fluidos hidráulicos, cosméticos, lu-brificantes para aviões e naves espaciais, vidros 
à prova de bala, cabos de fibra óptica, lentes de 
contato, plastificantes e plásticos e etc. 
Nos últimos anos, as primeiras aplicações 
do óleo de mamona evoluíram e ganharam 
novos enfoques. No que concerne aos avanços na 
área de medicina, hoje deriva-se do óleo um polímero 
utilizado na fabricação de cimento ósseo e 
de próteses de diversas partes do corpo humano4. 
Quanto à geração de energia, o óleo de mamona 
torna-se propício para fazer frente ao Programa 
Nacional de Biodiesel5 que, além da inclusão social, 
almeja reduzir tanto as importações brasileiras 
de petrodiesel quanto a queima de combustíveis 
fósseis (para evitar, respectivamente, a evasão de 
divisas e o aquecimento da terra). Nesse sentido, 
destaca-se que além das vantagens sócio-econômicas 
que a cultura da mamona propicia, essa 
oleaginosa apresenta teor de óleo acima das demais 
e, segundo a EMBRAPA (2004), cada hectare 
cultivado com mamona absorve dez toneladas 
de gás carbônico, ou seja, o quádruplo da média 
das outras oleaginosas. 
O Pró-biodiesel “visa ao desenvolvimento, 
integrado em rede, das tecnologias de produção, 
de industrialização e de uso de biodiesel e de 
misturas com diesel, a partir de óleos vegetais 
puros e residuais, produzidos regionalmente” 
(grifo dos autores). Nesse aspecto, considera-se a 
mamona como importante matéria prima para introduzir 
o biodiesel6 na matriz energética nordestina. 
Nos últimos dois anos, a coligação dos 
interesses públicos e de grandes grupos empre-sariais levaram à formação de Programas estaduais 
que visam fomentar a ricinocultura para a 
produção de biodiesel. 
No Piauí, a Brasil Ecodiesel realiza em 
Canto do Buriti, um projeto de "parceria rural" 
com assentados visando a produção de mamona 
para biodiesel. Inicialmente, as famílias recebem 
um adiantamento mensal e a terra para cultivo de 
mamona consorciada com feijão, além de moradia 
(com saneamento básico e energia elétrica) e 
suportes técnico e de capacitação. A produção 
inicial prevista é de 3 mil toneladas de mamona, 
que será comprada pela Brasil Eco Diesel, e 1,2 
mil toneladas de feijão cujo excedente de produção 
será comprado pelo Ministério de Desenvolvimento 
Social e Combate à Fome. No segundo 
ano de operação, 50% da safra de mamona e 
80% da colheita de feijão cabem ao agricultor. 
Espera-se instalar 560 famílias em Canto do Buriti, 
numa área total de 18 mil hectares. A meta da 
Brasil Ecodiesel é implantar mais três projetos 
semelhantes a esse no Piauí e mais dois no Ceará, 
até o final de 2005. São previstos o cultivo de 
200 mil hectares de mamona na Região Nordeste 
e o assentamento de cerca de 11 mil famílias de 
trabalhadores rurais (MOREIRA, 2004a). 
Como parte do “Programa de Desenvolvimento 
do Agronegócio da Agricultura de Sequeiro”, 
o governo do Estado do Ceará lançou o 
“Projeto Mamona” para desenvolver seu cultivo em 
regiões semi-áridas do Estado, propondo-se a contemplar 
6.000 famílias em 10.000 hectares. As 
bagas serão destinadas para as usinas de Quixabá, 
Pedra Branca e Santa Quitéria (CONAB, 2004). 
Em 2004, para incrementar as ações necessárias, 
o programa obteve apoio da Food Agricultural Organization 
(FAO) e do Ministério da Agricultura, Pecuária 
e Abastecimento (MAPA). Na contabilidade 
da Secretaria de Agricultura e Pecuária do Ceará 
(SEAGRI), dois hectares de mamona, com produtividade 
de 990 quilos (cada um) e consorciados 
com feijão, podem gerar receita líquida anual de 
R$3 mil (MOREIRA, 2004b e OLIVEIRA, 2003). 
Em abril de 2004, foi criada, na Bahia, 
uma rede para coordenar o desenvolvimento do 
biodiesel à base de mamona, agregando entidades 
públicas e privadas para trabalhos de pesquisa 
e de capacitação de mão-de-obra. A Bahia implantará 
uma planta de biodiesel com capacidade 
de produzir 10 mil litros de combustível/dia, que 
será introduzido na matriz energética estadual. 
Segundo Oliveira (2003), em maio de2003, a Embrapa-Algodão divulgou o "Programa 
de Desenvolvimento da Mamona no Estado da 
Paraíba", que envolve: transferências de tecnologias; 
integração entre produtor e processadoras; 
apoio à comercialização da produção; financiamento 
para a ampliação da área plantada e 
aumento de produtividade da mamona. A Paraíba 
tem cerca de 1.000 hectares ocupados com 
ricinocultura, mas estima-se que o Estado tenha 
potencial para cultivar 200.000 hectares apenas 
em áreas de sequeiro (onde o custo de produção 
da ricinocultura é menor). Em quatro anos, o 
Programa visa cultivar 30 mil hectares e gerar 10 
mil empregos diretos. 
No sul de Minas Gerais, preocupados 
em reduzir a dependência dos produtores de Varginha 
com a cafeicultura, a prefeitura local está 
incentivando o plantio de mamona, em consórcio 
com outras lavouras, por meio do fornecimento 
de sementes, adubos, maquinário, etc.7 O projeto, 
apoiado pela Empresa Técnica de Extensão 
Rural (EMATER), visa a instalação de uma planta 
experimental para a produção de biodiesel que 
será consumida pela frota municipal. 
O grupo Etrúria, estabelecido em São 
Paulo, já implantou em Porto Alegre do Norte, 
Mato Grosso, região de cerrado, uma nova unidade 
de processamento de óleo e torta de mamona, 
a Araguassú Óleos Vegetais Indústria e 
Comércio Ltda, com capacidade para produzir 54 
toneladas/óleo/dia. O grupo planeja implantar 
mais duas processadoras até 2005, oferecendo 
garantia de compra da matéria-prima a produtores 
do leste de Rondônia, sul do Pará e oeste do 
Tocantins. A meta é produzir 19.440 toneladas de 
óleo em 2005 (TRANSPORTE, 2003). 
Atualmente, tramita no Congresso Nacional 
o Projeto de Lei n.3.368, no qual o deputado 
federal Ariosto Holanda propõe que 2% de 
biodiesel sejam misturados ao diesel mineral (daí 
a nomenclatura B2)**. Segundo declarações da 
Ministra de Minas e Energia, no segundo semestre 
de 2004, o biodiesel será incorporado ao diesel 
de petróleo, ainda não como mistura compulsória. 
2 - OBJETIVO
Este trabalho estima quantos hectaresde mamona devem ser cultivados, em nível regional, 
para suprir o consumo das frotas atuais, 
supondo-se que 20% da produção necessária do 
combustível verde B2 seja oriunda exclusivamente 
da ricinocultura. 
3 - METODOLOGIA
A partir de informações da Companhia 
Nacional de Abastecimento (CONAB) identificaram- 
se os estados brasileiros onde se pratica a 
ricinocultura, bem como o volume colhido em 
bagas (Vcb) e a produtividade média de cada um, 
no período 1999-2002. 
Cientes de que o teor de óleo das sementes 
de mamona é alterado de acordo com a 
variedade cultivada, adotaram-se 49% como sendo 
o rendimento médio industrial do óleo e aplicou- 
se esse percentual sobre o volume produzido 
em cada estado, visando não só suprir a inexistência 
de dados de produção de óleo de rícino 
como também estimar o “potencial de produção” 
(Ppor) do mesmo, em níveis estadual e nacional. 
Ppor = 0,49 x Vcb (1) 
Assumindo-se a densidade do óleo de 
mamona como 0,96g/m3, fornecido pela Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), converteram- 
se os valores da expressão 1 em m3, 
para posterior comparação com os dados de 
consumo estadual de petrodiesel, obtidos na 
Agência Nacional do Petróleo (ANP). 
Num segundo momento, considerandose 
o Projeto de Lei n.3.368 que estipula a mistura 
B2, estimou-se qual seria a produção necessária 
de biodiesel (Pnb) para suprir a totalidade do consumo 
de diesel mineral pelas frotas estaduais, utilizando- 
se das estimativas da Agência Nacional 
de Petróleo (ANP) para 2002. 
Pnb = Consumo atual de diesel x 0,02 (B2) (2) 
Supondo-se que toda a produção necessária 
de biodiesel (Pnb) fosse obtida a partir 
do óleo de mamona, considerou-se que na 
transesterificação alcoólica para a produção de 
biodiesel utilizam-se como coeficiente técnico 
87% de óleo e 13% de álcool (KHALIL, 2003). 
Von = 0,87 x Pnb (3)
Por fim, identificaram-se os estados 
que apresentam déficit na produção de óleo de 
mamona para implantação do B2 por meio da 
comparação dos resultados obtidos nas expressões 
1 e 3. E, com base nas estimativas de produtividade 
média agrícola alcançada nos últimos 
4 anos, estimou-se a área estadual que deveria 
ser ocupada com ricinocultura visando o fornecimento 
de óleo para produção de biodiesel. 
4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES
A produção nacional de mamona é 
bastante concentrada na Região Nordeste, tendo 
a Bahia como carro-chefe. Em 2004, estimativas 
da CONAB mostram que no Brasil foram produzidas 
102,5 mil toneladas, das quais 95,0% foram 
cultivadas na Bahia e 1,5%, nos Estados de Minas 
Gerais e Ceará. 
Na safra 1998/99, Minas Gerais despontou 
como o segundo maior Estado produtor, 
deslocando o Estado de São Paulo que tradicionalmente 
ocupava essa posição. 
A ricinocultura brasileira sofre grandes 
oscilações de área cultivada (Figura 1), seja no 
que concerne à extensão em si, e/ou a deslocamentos 
geográficos. A partir de meados da década 
de 1990, a ricinocultura no Piauí e na Paraíba 
tornaram-se inexistentes, mas registravam-se pequenos 
cultivos no Rio Grande do Norte, os quais 
não prosperaram até o fim da década. Atualmente, 
os programas estaduais de fomento à ricinocultura 
tanto na Paraíba como no Piauí devem 
reverter esse quadro.Em nível nacional, nos últimos onze 
anos, o cultivo de mamona esteve presente em 
apenas cinco Estados brasileiros: Pernambuco,Ceará, Bahia, Minas Gerais e São Paulo. 
A produtividade média nacional acompanha 
bem de perto a produtividade da Bahia, 
principal produtor brasileiro. Considerando-se o 
quadriênio 1999-2002, a Bahia apresentou baixíssima 
produtividade média (462kg/ha). Entre os 
estados do Nordeste, a melhor produtividade é 
verificada no Ceará (747kg/ha) e a menor, em 
Pernambuco (368kg/ha). A produtividade média 
em São Paulo foi de 1.547kg/ha e em Minas Gerais, 
1.778 kg/ha. 
A figura 1 mostra fortes oscilações tanto 
na produtividade brasileira quanto na dos estados 
do Nordeste. Tais curvas, em si, dificultam 
a visualização de uma linha de tendência, demonstrando 
que as fortes oscilações na produtividade 
decorrem de variações na área cultivada e 
são agravadas por efeitos climáticos. Já, para o 
Estado de São Paulo, verifica-se uma tendência 
na curva de produtividade, o que indica que ele 
está menos exposto às intempéries. Diante do 
declínio de área cultivada nos últimos anos, a 
tendência ascendente dessa curva indica a melhoria 
e/ou incorporação de tecnologia na ricinocultura 
do Sudeste brasileiro. 
Baixas produtividades levam à redução 
no volume colhido por hectare. O baixo volume 
colhido implica menor capitalização do produtor. 
Menor capitalização leva a maior receio de incorporar 
novas tecnologias, acarretando, portanto, 
numa baixa produtividade. É o “círculo vicioso” no 
qual o produtor não introduz novas tecnologias 
porque não dispõe de renda e não dispõe de 
renda porque não avança tecnologicamente. E 
nessa “roda de fogo”, a área cultivada no Brasil 
torna-se oscilante. 
Supondo-se que toda a produção necessária 
de biodiesel fosse obtida a partir do óleo 
de mamona e que todas as bagas se destinassem 
à obtenção desse biocombustível, todos os 
estados analisados deveriam expandir a área 
cultivada (Tabela 1). 
Figura 1 - Produtividade Média da Ricinocultura dos Principais Estados Produtores, Brasil, Média do Período 1991-2004. Fonte: CONAB. 
A análise, em nível nacional, indica que 
para suprir o volume de óleo necessário para a 
produção de B2, exclusivamente à base de óleo 
de mamona, a ricinocultura deveria ocupar cerca 
de 570 mil hectares. Segundo a CONAB, na safra 
atual (2004), ela utilizou apenas 161 mil. No entanto, 
ainda há bastante terra agricultável no País 
que poderá ser utilizada para esse fim. No zoneamento 
agroecológico realizado pelo Centro 
Nacional de Pesquisa de Algodão da EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa- 
Algodão), constatou-se que o Nordeste brasileiro 
conta com mais de 400 municípios aptos para o 
plantio de mamona em regime de sequeiro (BELTRÃO, 
2003). 
Curiosamente, nos Estados que apresentaram 
maior produtividade, foram observados 
os maiores déficits de área: São Paulo e Minas 
Gerais, carentes, respectivamente, de 46 e 19 mil 
hectares se adotassem exclusivamente o biodiesel, 
à base de mamona. 
Como era de se esperar, o Estado da 
Bahia apresentou o menor déficit, indicando que 
a mamona pode rapidamente garantir o autoabastecimento 
estadual de sua frota de veículos. 
No quadriênio analisado (1992-2002), na Bahia, 
deveriam ser acrescidos apenas 2 mil hectares e, 
nos últimos dois anos (2003 e 2004), a ricinocultura 
expandiu-se por mais 14,5 mil. Outro Estado 
que já abraça a auto-suficiência é o Ceará, o que 
indica que as coligações públicas e privadas estão 
sendo eficientes.
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em que pesem as vantagens sócioeconômica 
e as ambientais da implementação de 
plantas para produção de biodiesel à base de 
óleo de mamona no Nordeste brasileiro, a produtividade 
dessa oleaginosa é terrivelmente baixa 
na região. Portanto, o fomento à ricinocultura deve 
ser acompanhado de investimentos em pesquisas 
agronômicas. 
Obstáculos de natureza técnica e econômica 
também devem ser superados de modo a 
viabilizar o biodiesel à base de óleo de mamona 
na matriz energética brasileira. 
Sob o ponto de vista da tecnologia de 
produção do diesel vegetal à base de mamona, 
ainda não há um consenso científico com relação 
à vida útil dos equipamentos. Alguns pesquisadores 
acreditam que o rícino corrói os pistões, o que 
pode vir a ser evitado se forem revestidos de 
alumínio. No entanto, esse procedimento implica 
aumento de custo podendo inviabilizar o processo 
mecânico. 
Diferentemente das demais oleaginosas, 
a agregação de valor na cadeia produtiva de 
mamona é reduzida. A torta derivada de seu esmagamento 
possui um componente (ricina) altamente 
tóxico à alimentação animal. Assim paraque seja destinada a esse segmento, necessita 
passar por tecnologias, ainda pouco divulgadas, 
de remoção da ricina. 
Sob aspectos econômicos, a formação 
do preço de qualquer produto depende de diversos 
fatores, dentre os quais: preços das matériasprimas 
(mamona e etanol) e infra-estrutura de 
frete e armazenagem. 
No que concerne ao primeiro, destacase 
que o óleo de mamona é o segundo óleo vegetal 
mais bem cotado no mercado internacional 
(superado apenas pelo de tungue) e, apenas o 
seu preço, ou seja, desconsiderando o custo dos 
demais fatores de produção, é bastante superior 
ao do diesel mineral. Assim devem-se fomentar 
as análises de políticas públicas de modo a garantir 
que as indústrias não destinem o óleo vegetal 
ao mercado externo, em detrimento das fábricas 
de biodiesel. 
Com relação à infra-estrutura de frete e 
armazenagem atenta-se que o Programa Nacional 
de Biodiesel visa “ao desenvolvimento integrado 
em rede”, o que implica elevados investimentos. 
Deve-se ter consciência de que as operações 
logísticas entre Regiões (plantio no Nordeste 
e maior número de processadoras da mamona, 
no Sudeste) ou mesmo dentro de uma 
mesma Região (no Nordeste, a maior produção 
de etanol localiza-se em Alagoas, onde não há 
ricinocultura) muitas vezes tornam-se tão dispendiosas 
que chegam a inviabilizar os projetos 
grandiosos. Nesse sentido, ressalta-se a necessidade 
de estudos de viabilidade econômica do 
biodiesel que incorporem os custos de logística 
de distribuição, tanto das diversas matérias-primas 
quanto do produto final. 
Essa importância é ressaltada pela 
lembrança de 20 anos atrás quando, após as crises 
do petróleo, visando maior independência 
deste insumo, o Governo Federal lançou o Programa 
de Óleos Vegetais (PROVEG), coordenado 
pela Secretaria de Tecnologia Industrial e 
apoiado por instituições públicas e privadas dos 
mais diversos ramos. Exatamente como hoje! No 
entanto, após diversas tentativas para desenvolver 
o mercado de biodiesel, os elevados custos 
de produção impediram seu uso em escala comercial. 
Em que pesem os gastos desses investimentos 
em pesquisas agroeconômicas e 
tecnológicas, atenta-se que projetos públicos e/ 
ou privados, que estimulem o cultivo de mamona,engajam-se nas diretrizes dos Mecanismos de 
Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto no Protocolo 
de Kyoto. Assim, as cotas de carbono seqüestrados 
possam ser comercializadas no Mercado 
de Carbono, através do fundo Bio de Carbono 
(CBF). E mais, dada a redução das emissões 
de gases causadores do efeito estufa, advinda 
com a implantação do Programa Nacional de Biodiesel, 
cotas de carbono poderão ser vendidas pormeio do Fundo Protótipo de Carbono (PCF). 
Portanto, os fundos administrados 
pelo Banco Mundial podem embasar pesquisas 
e/ou empreendimentos versados no desenvolvimento 
da ricinocultura e na superação 
dos obstáculos apontados de modo que, em 
médio prazo, o biodiesel à base de mamona 
possa consolidar-se sobretudo nas regiões 
semi-áridas do Nordeste.
Pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola
1- Artigo publicado em Informações Econômicas, SP, v. 35 n. 1, jan. 2005:37-42.
2- Silene Maria de Freitas - silene@iea.sp.gov.br. Socióloga, Pesquisadora Científica do Instituto de Economia Agrícola.
3- Carlos Eduardo Fredo - cfredo@iea.sp.gov.br. Pesquisador do Instituto de Economia Aplicada.
4- Os primeiros testes foram realizados em Jaú, onde foram implantadas
próteses de testículos em pacientes penalizados
pelo câncer de próstata. Há dois anos, próteses de mandíbula,
laringe e femur também têm sido implantadas, sem que se
tenham registrado casos de rejeição. Disponível em: <http://
www.estado.estadao.com.br/edição/especial/cientis>.
5- O Programa Nacional de Biodiesel (Pró-biodiesel) foi
criado pela Portaria MCT n.720, de 30 de outubro de 2002,
e instituído sob coordenação do Ministério de Ciência e
Tecnologia.
6- O biodiesel é um combustível alternativo obtido a partir da
reação química entre ácidos graxos (óleos e/ou gorduras)
e álcool de cadeia curta, mediante a presença de um catalizador.
LITERATURA CITADA
BELTRÃO N. E. M. Informações sobre o biodiesel em especial feito com óleo de mamona. Brasília: EMBRAPA,
2003. (Comunicado Técnico 177). Disponível em: <http://www.cnpa.embrapa/plataformamamona>.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA/CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE 
ALGODÃO - CNPA. Pesquisa com mamona pode viabilizar biodisel brasileiro. Disponível em: <www.cnpa.
embrapa.brjornal/mamonaPDU.htm>. Acesso em: 17 ago. 2004.
KHALIL, C. N. Aspectos tecnológicos da utilização da mamona - Processo Petrobrás. Brasília, set. 2003. 
(Palestra proferida no Programa Nacional de Biodiesel).
MOREIRA, D. Piauí dá início a produção de mamona em larga escala. Gazeta Mercantil, São Paulo, 26 mar. 2004a.
______. Uma reforma agrária privada no nordeste. Disponível em: <www.agrobrasil.agr.br/boletim>. Acesso em:
abr. 2004b.
OLIVEIRA, D. Cultivo de mamona será incentivado na Paraíba. Disponível em: <www.cnpa.embrapa.br/jornal/
mamonaPDU.html>. Acesso em: 2 mar. 2003.
TRANSPORTE incentiva novos negócios. Gazeta Mercantil, São Paulo, 6 maio 2003.
BIODIESEL À BASE DE ÓLEO DE MAMONA: algumas considerações
CASTOR-OIL BASED DIESEL: a few considerations
ABSTRACT: This article gives an account of the programs fostering castor bean crops for fueling 
purposes in Brazil. It also estimates the area necessary for the castor bean (ricinus communis) to 
supply a volume in oil so that the production of B2 can equal the diesel consumption, at national and state 
levels. Finally, a few hindrances are a discussed and possible solutions so that the castor-oil based diesel 
may consolidate Brazil´s energy matrix , particularly in the semi-arid northeastern regions of the country. 
Palavras-chave: biodiesel, castor oil (mamona), environment, biofuel, energy.