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Pinhão-manso: Recuo e pesquisas


BiodieselBR.com - 04 mai 2007 - 08:10 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 09:32


Recuo

Várias áreas estão sendo renovadas em função de problemas no estabelecimento da cultura, decorrentes de um menor nível de conhecimento na ocasião do plantio. “Não há como estimar quanto da área plantada seria enquadrada nessa categoria”, afirma Roscoe. Em relação às previsões, ele diz que continuam incertas. “A grande maioria dos projetos de plantio mais expressivos recuou. Isso é efeito direto da crise econômica mundial, a qual obrigou várias empresas a adiarem seus planos de investimentos, principalmente nos projetos de alto risco. Vale esclarecer que os projetos de pinhãomanso são ainda considerados de grande risco, uma vez que, até o momento, não existem informações oficiais sobre seu sistema de produção e não está disponível o seu zoneamento agrícola. Um forte indicador dessa retração foi o baixo nível de negócios de venda de sementes”, relata.

Para Roscoe, um grande passo dado foi a maturidade com que se está encarando o pinhão-manso agora. “Passou a fase de entusiasmo desmedido e os investimentos estão sendo mais cautelosos. Redes de pesquisa foram estabelecidas, integrando o setor público e a iniciativa privada. Avançou-se também na coleta de materiais em diversas partes do país, embora ainda falte uma integração maior em um grande banco de germoplasma a ser capitaneado pela Embrapa”, analisa.

Para Nagashi Tominaga – diretor da Biojan Agro Industrial, que trabalha com a produção de sementes – a expansão do cultivo depende da criação de técnicas agrícolas para solucionar os gargalos, tais como a uniformização da maturação dos frutos; o desenvolvimento de colheitadeiras apropriadas e de custo mais acessível; e a identificação do patógeno que causa podridão de caule e raiz, além do descobrimento do mecanismo de sua propagação e da criação de um defensivo para o combate.


Pesquisas


Na opinião de Roscoe, as pesquisas brasileiras sobre o uso do pinhãomanso para produção de biodiesel estão indo muito bem. Conforme o engenheiro, o setor público respondeu prontamente à demanda e há programas de pesquisa em pinhão-manso em várias partes do país. Espalham-se estudos não somente sobre a parte agronômica, mas também sobre a qualidade do óleo, processos de fabricação de biodiesel e extração do óleo, uso de co-produtos (torta), entre outros. “A Embrapa está à frente dos trabalhos agronômicos, integrando o esforço não somente de suas unidades de pesquisa, mas também de diversas universidades públicas e privadas espalhadas pelo país”.

Em parceria com a Epamig e o Centro Tecnológico do Norte de Minas (CTNM), a Biojan iniciou, em março do ano passado, o método massal de melhoramento genético e ensaios para garantir a alta produtividade com a aplicação de técnicas de poda. Os testes estão sendo feitos numa área de 140 hectares em Janaúba (MG). “Para melhorar a viabilidade econômica, estamos também em contato com as diversas universidades e entidades de pesquisa para consolidar rapidamente as tecnologias para o uso racional de co-produtos (casca de fruto, torta e galhada de poda), a fim de agregar o valor ao cultivo de pinhão-manso”, salienta Tominaga, que tem um pedido de registro de cultivar com a Epamig de Nova Porteirinha (MG) junto ao Mapa.

Na avaliação de Roscoe, há uma grande necessidade de desenvolvimento das pesquisas para se chegar a um pacote tecnológico adequado do pinhão-manso. “Somente após a chegada a tal nível de entendimento da cultura, o que certamente acontecerá nos próximos anos, é que se poderá incentivar de fato o cultivo. Quem está investindo agora tem que ter a consciência de que se trata de um investimento de alto risco, onde são previstos elevados ganhos, mas acompanhados também de elevadas incertezas”, avalia.