BiodieselBR.com - Conteúdo Patrocinado 10 out 2024 - 16:12

No último ano, o mundo demandou aproximadamente 91 milhões de toneladas de metanol. Desse total, a Methanex forneceu cerca de 12%. Não é pouca coisa, mas o grupo empresarial de origem canadense tem agido para fortalecer sua posição de liderança. Só este ano, a fabricante colocou uma nova planta para rodar em seu complexo industrial de Geismar (EUA) e anunciou um acordo para adquirir uma série de ativos que pertenciam a OCI. Isso indica que a empresa está se preparando para fortalecer sua posição dentro de seu principal mercado.

Para compreender melhor as perspectivas de futura da empresa, BiodieselBR.com conversou com o Market Planner para America Latina, Sebastián Quiroga.

BiodieselBR.com – Vocês iniciaram a produção de metanol na Geismar 3 no final de julho. Quais são as características principais desta planta?

Sebastián Quiroga – Temos orgulho de termos concluído o projeto Geismar 3 (G3). Ele é um marco significativo, especialmente considerando que tivemos um desempenho exemplar em segurança com mais de 8,5 milhões de horas trabalhadas sem casos de afastamentos por acidente. Uma das características de destaque da nova planta é ter um dos perfis de emissões de CO₂ mais baixos da indústria, graças ao uso de hidrogênio excedente das plantas de reforma a vapor de Geismar 1 e Geismar 2. O G3 também adiciona uma capacidade considerável de produção com 1,8 milhão de toneladas anual. Combinado com a G1 e a G2, o complexo de Geismar passa a ser um dos maiores em nível global.

BiodieselBR.com – A Methanex recentemente anunciou interesse de comprar o negócio de metanol da OCI numa transação de mais de US$ 2 bilhões. O que tornou essa aquisição atraente?

Sebastián Quiroga – Os negócios de metanol da OCI representavam uma oportunidade atraente para nós. A transação inclui duas instalações de metanol de escala mundial, uma das quais também produz amônia, em Beaumont, Texas, que se beneficiam do acesso ao suprimento abundante e com preços favoráveis de gás natural na América do Norte que, espera-se, aumentem nossa produção global de metanol em mais de 20%. Além disso, também inclui produção de metanol de baixo carbono e uma planta de metanol inativa nos Países Baixos. Acreditamos que a transação proporcionará valor significativo a longo prazo para os acionistas da Methanex, ao mesmo tempo que se alinha com nossos objetivos estratégicos de liderança no setor, excelência operacional e resiliência financeira.

BiodieselBR.com – Como parte desse acordo com a OCI, a Methanex está entrando no mercado de amônia. Qual a expectativa da empresa para este novo segmento?

Sebastián Quiroga – Embora a produção de amônia da OCI seja relativamente menor em comparação com as operações de metanol, ela representa uma entrada de baixo risco em uma nova commodity sinérgica com nosso negócio principal. Acreditamos que essa modesta diversificação na amônia introduzirá uma nova capacidade à Methanex e tem o potencial de abrir novos mercados como uma alternativa de combustível de baixo carbono para geração de energia ou como combustível marítimo. Methanex e OCI compartilham uma cultura de segurança e excelência operacional e esperamos que a equipe da OCI nos ajude a desenvolver novas habilidades em amônia, além de aprimorar nossas capacidades no crescente mercado de produção e comercialização de metanol de baixo carbono.

BiodieselBR.com – A compra dos ativos da OCI apenas transfere capacidade produtiva já existente para a Methanex sem alterar o balanço entre oferta e demanda. A Methanex tem investimentos em capacidade produtiva nova em vista?

Sebastián Quiroga – Temos um portfólio de oportunidades em vista para o próximo projeto de crescimento. As principais considerações ao avaliar oportunidades de crescimento global são: o acesso a reservas de gás natural, a logística para o mercado em crescimento da Ásia e o potencial de vantagem em projetos brownfield. Neste estágio, contudo, estamos principalmente focados no fechamento e integração dos ativos da OCI.

BiodieselBR.com – Nos últimos meses a Methanex enfrentou questões ligadas ao suprimento de gás natural em Trinidad e Tobago, Egito e Nova Zelândia. O que tem provocado essas turbulências e como vocês vêm gerenciando a situação?

Sebastián Quiroga – A nossa produção no Egito e a Nova Zelândia tem sido menor devido a restrições na oferta de gás. Nossa planta no Egito chegou a ser temporariamente paralisada no final do segundo trimestre devido a medidas adotadas pelo governo egípcio para equilibrar a oferta de gás e fazer frente à demanda sazonal de energia. Embora, já tenha sido reiniciada, a planta tem operado em taxas flutuantes e esperamos continuar vendo limitações no fornecimento. A Nova Zelândia também enfrenta um período de equilíbrio energético apertado, com alta demanda sazonal, baixos níveis hídricos e uma oferta reduzida de gás. Temos operado somente uma de três plantas devido ao redirecionamento de parte do nosso gás contratual para o setor de energia mais amplo. Estamos em discussões com nossos fornecedores de gás para garantir que nossos direitos contratuais sejam respeitados e, também, estamos nos engajando com nossos fornecedores de gás e com agências governamentais de forma a apoiar esforços para melhorar os equilíbrios energéticos no país. Já em Trinidad, a interrupção no início do ano se deveu a problemas com nossa unidade de separação de ar que exigiu manutenção.

BiodieselBR.com – Esses desafios afetam o fornecimento de metanol ao Brasil?

Sebastián Quiroga – Não, nossa extensa cadeia de suprimentos e rede de distribuição globais proporcionam aos nossos clientes no Brasil e nos outros mercados um fornecimento seguro e confiável de metanol. Temos locais de produção ao redor do mundo, apoiados por escritórios de marketing locais, instalações de armazenamento e a maior frota de navios tanque de metanol em nível global.

BiodieselBR.com – Além dos mercados tradicionais, os fabricantes de metanol vêm buscando colocar seu produto como uma opção energética para o setor marítimo. Qual o potencial de demanda nesse novo segmento?

Sebastián Quiroga – O ímpeto do uso de metanol como combustível marítimo continua crescendo. Cada vez mais empresas de transporte marítimo, incluindo algumas das maiores, estão investindo em navios com tecnologia dual-fuel para metanol. Entre 2028 e 2029, estimamos que haverá cerca de 300 desses navios em operação, incluindo 19 dos nossos próprios. Por exemplo, se todos esses navios operarem com metanol em tempo integral, a demanda potencial será de aproximadamente 9,9 milhões de toneladas anuais. É um número que provavelmente tenderá a crescer à medida que novos pedidos e retrofits sejam feitos.

BiodieselBR.com – Também recentemente vocês anunciaram uma parceria tecnológica com uma empresa chamada Entropy para a instalação de um sistema de captura e uso de carbono na planta de Medicine Hat. Qual o potencial desse projeto?

Sebastián Quiroga – Estamos entusiasmados com nosso acordo com a Entropy. Juntos, estamos realizando um estudo preliminar de engenharia para explorar a tecnologia de captura, utilização e armazenamento de carbono na planta de Medicine Hat. Essa colaboração aproveitará a tecnologia de captura de carbono pós-combustão modular proprietária da Entropy e a experiência de fabricação da Methanex para utilizar uma parte do CO₂ capturado. Esperamos produzir aproximadamente 50 mil toneladas adicionais por ano dessa forma.

BiodieselBR.com – Além dos esforços de sustentabilidade, quais são as outras questões-chave nas quais a Methanex está focada hoje?

Sebastián Quiroga – A segurança é sempre nossa prioridade número um. Investimos consideravelmente para garantir a segurança de todos que trabalham ou visitam nossas instalações, assim como tambem das comunidades próximas às nossas operações. Também estamos comprometidos em avançar soluções de metanol de baixo carbono e em melhorar continuamente a confiabilidade e a eficiência de nossas operações. Outro foco importante são os nossos esforços em fomentar uma cultura de equidade e inclusão que promueva nossa diversidade em toda a empresa, ao mesmo tempo em que minimizamos nosso impacto ambiental por meio de uma gestão de recursos aprimorada.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com