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Liberação da importação de biodiesel preocupa Abiove


Valor Econômico - 24 nov 2020 - 09:40

A permissão de uso de matérias primas importadas para a produção de biodiesel pode ter sido o primeiro passo para que o Brasil passe a importar o biocombustível acabado, avaliam empresas do segmento. O governo já havia sinalizado esse interesse em relatório divulgado em março.

“Nosso medo é que isso tenha sido um balão de ensaio para liberar a importação de biodiesel”, afirmou André Nassar, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), ao

Segundo ele, a preocupação do segmento não é com a importação de óleo de soja em si, mas sobre como a medida será implementada e quais serão suas implicações. “Já havíamos dito que seria necessário importar óleo e soja e consideramos a redução nas tarifas importante. Mas biodiesel nunca teve problemas de abastecimento, não há razão para a liberação ser direcionada para isso”, acrescentou Nassar em entrevista na semana passada.

A escassez de matéria-prima que o mercado enfrenta agora, reflete os volumes elevados de exportação da oleaginosa e de óleo ao longo do ano, na esteira da valorização dos produtos do complexo soja no mercado. Nos meses de abril, maio e junho, com os mercados de food service e de biodiesel desaquecidos em função da pandemia, as indústrias aproveitaram o câmbio favorável para exportar.

“Houve muita demanda antecipada de soja e óleo, que agora estão fazendo falta”, disse Nassar, que ressaltou que as empresas não teriam condições de carregar esse estoque até que a demanda interna voltasse a ganhar fôlego.

A Abiove defende que a liberação do uso de matéria-prima importada para produção do biocombustível seja válida somente para o leilão 77, que ocorrerá em dezembro, quando a oferta de matéria-prima ainda estará restrita.

A União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), entidade que representa produtores responsáveis por cerca de 40% da oferta do biocombustível no país, considera improvável a liberação da importação do produto acabado, mas concorda que, caso ocorra, a medida seria um retrocesso. “Não temos a menor expectativa de que isso aconteça”, disse Donizete José Tokarski, diretor superintendente da Ubrabio.

Ele concorda que o uso da matéria-prima importada só será necessário no próximo leilão. “Não acredito que no 78 será necessário”, afirmou, referindo-se ao leilão que deve ocorrer em fevereiro de 2021, quando a safra brasileira já terá sido colhida.

Marcela Caetano – Valor Econômico