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Pinhão-manso

Embrapa mostra estágio de suas pesquisas com pinhão-manso


Embrapa Agroenergia - 19 jul 2012 - 09:19 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
pinhao-manso-velho
Domínio tecnológico, escala de produção e logística de transporte e utilização são as três condições básicas para que uma cultura se torne matéria-prima para a produção de biodiesel. Com essas palavras, o pesquisador da Embrapa Agroenergia Bruno Laviola iniciou as discussões sobre o pinhão-manso no I Fórum Capixaba de Pinhão-manso, que aconteceu ontem, 17 de julho, em Guarapari/ES, em paralelo ao V Congresso Brasileiro de Mamona e o II Simpósio Internacional de Culturas Oleaginosas.

Com relação ao domínio tecnológico, Laviola apresentou o estágio de desenvolvimento das ações do Projeto Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Pinhão-manso para Produção de Biodiesel – BRJATROPHA - coordenado pela Embrapa Agroenergia, com a participação de 16 unidades da Empresa, cinco universidades e uma empresa estadual de pesquisa, além do apoio da Finep.

O pesquisador destacou as ações de melhoramento genético, desenvolvimento de sistema de produção, introdução de materiais genéticos de outros países, métodos biotecnológicos para avaliação das diferenças entre os diversos materiais existente no banco de germoplasma (BAG) e os trabalhos para aproveitamento da torta para alimentação animal.

Laviola mostrou que, apesar haver pouca variabilidade genética nos acessos do BAG, os resultados obtidos nas avaliações anuais demonstram potencial com a produção de grãos variando de 4.000 a 9.000 Kg/ha, e de óleo de 1.500 a 3.500 Kg óleo/ha.

“Os experimentos conduzidos nas diferentes regiões brasileiras estão permitindo reunir informações para definir os sistemas de produção mais adequados. Esperamos que este trabalho esteja concluído até 2015”, diz Laviola. Estas informações irão dar subsídios aos governos e à iniciativa privada na implantação das lavouras e das unidades produtivas.

Em relação à logística, Laviola comentou que “diversos plantios de pinhão-manso foram abandonados por terem sido implantados em regiões onde não havia fábricas de biodiesel, o que inviabilizou a utilização da matéria-prima”.

Destoxificação da torta
Quanto ao aproveitamento dos subprodutos do pinhão-manso para alimentação animal, estão em desenvolvimento pesquisas para destoxificar a torta resultante do processo de extração, que apresenta substâncias tóxicas, entre elas a curcina e os ésteres de forbol, e outras que provocam alergia, como as albuminas 2S.

A pesquisadora da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) Olga Machado diz que os trabalhos iniciaram-se, em 2010, com isolamento da toxina e dos alérgenos. “O uso da torta na alimentação animal e o manuseio seguro da mesma são dependentes de processos de inativação dessas substâncias”, enfatiza a pesquisadora. Para validar estes processos é necessário que existam métodos seguros e sensíveis. “Já desenvolvemos um método biológico para detectar a atividade da curcina e a resposta provocada pelos alérgenos. Os testes são feitos utilizando cultura de células”, explica.

“Agora que já descobrimos as substâncias que provocam alergia estamos trabalhando para entender os mecanismos de ação desses compostos e no futuro desenvolver cultivares que não causem alergia”, reforça Olga Machado.

Polo do pinhão-manso
O Espirito Santo foi o primeiro estado brasileiro a criar oficialmente um programa de apoio ao pinhão-manso. Em 2011, instituiu o Polo de Pinhão-manso com objetivo de dar sustentabilidade ao programa de pesquisa e produção de culturas oleaginosas potenciais para atender o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB). Além disso, pretende viabilizar a produção de grãos, organizar as políticas públicas e esforços privados e promover a diversificação agrícola, gerando emprego e renda no campo e na cidade, explica o pesquisador do Incaper Márcio Adonis.

A previsão é que, até 2014, sejam implantados 13 mil hectares com a cultura em 30 municípios onde será produzida matéria-prima para alimentar uma usina de biodiesel. Existe uma parceria entre o Incaper, Instituto Federal de Educação do Espirito Santo (IFES), a Embrapa e o Nòvabra na validação de tecnologias e genótipos adaptados com a cultura para o Estado.

A Nòvabra, empresa de origem italiana, encontra-se em fase de instalação em Colatina, na região central do Estado, e já está incentivando o plantio de pinhão-manso, com o fornecimento de sementes e assistência técnica para uma ampla rede de produtores integrados. A estimativa é de que a área de produtores assistidos por essa empresa alcance cerca de 11.000 ha em 2014, o que viabilizará o funcionamento da usina de biodiesel.