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Melhora a rentabilidade da soja no MT


Valor Econômico - 16 nov 2007 - 07:33 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A melhora da rentabilidade da soja em relação a outras culturas no Centro-Oeste tem levado tradicionais produtores de outras culturas a repensar suas estratégias de negócio. É o caso do grupo Maeda, um dos maiores produtores de algodão do país. Atraída pelos maiores ganhos, a família decidiu dedicar uma porção maior de sua área de plantio para a oleaginosa.

Para a safra 2007/08, os Maeda vão destinar 32,4 mil hectares para a soja, um aumento de 20% em relação ao ciclo anterior — 5 mil hectares a mais. Com isso, o algodão, que antes ocupava 22 mil hectares, ficará agora em 17 mil. Além do movimento natural de rotação de cultura, o grupo considera que o grão está mais atraente que a pluma. A contínua queda do dólar também pesou na decisão do grupo, uma vez que toda a pluma colhida pelos Maeda é exportada.

Outro fator que pesa a favor da soja é o menor risco nas lavouras. “Os custos de produção do algodão são três vezes maiores que os da soja”, observa José Carlos Hausknesht, analista de agronegócios da MB Associados.
 

  “A febre dos biocombustíveis beneficiou os grãos em geral”


Na ponta do lápis, a soja tem levado a melhor no Centro-Oeste. Levantamento da MB mostra que a rentabilidade do algodão gira em torno de 16%, em média, na região, enquanto a da soja está, em média, em 31,7% ( ver tabela ao lado). “O algodão não teve a mesma recuperação de preços que a soja e o milho tiveram no mercado internacional”, afirma Hausknesht. “A área plantada de algodão recuou nos Estados Unidos, mas aumentou em outros importantes países produtores, como Paquistão e Índia”, diz.

Apesar da área plantada maior para a soja, o algodão continua como o carro-chefe do grupo, de acordo com o diretor Jorge Maeda. Boa parte da produção da empresa está concentrada no Centro-Oeste. O algodão, que ocupou área em São Paulo, também migrou para o Mato Grosso e para o oeste baiano. Atualmente, o grupo tem 11 mil hectares com algodão no oeste da Bahia, nos arredores de São Desidério, e 6 mil hectares no Mato Grosso, nas cercanias de Diamantino e Campo Novo do Parecis.

Antes, os Maeda concentravam o plantio de algodão na região de Ituverava, em São Paulo. A cidade paulista agora sedia apenas a indústria de fiação da família.

“A febre dos biocombustíveis beneficiou os grãos em geral”, aponta José Vicente Ferraz, diretor da consultoria FNP. Ele confirma que o boom favoreceu mais a soja e o milho. “O algodão também subiu, mas não na mesma intensidade”, afirma ele.

Rentabilidade da soja
Rentabilidade da soja no Paraná
  Nos últimos tempos, o grupo Maeda, que há 75 anos tem tradição no plantio de algodão, tem buscado a diversificação de suas atividades. No ano passado, a empresa se associou à usina paulista MB, empresa que faz parte da Santelisa SA, para a construção de uma usina de açúcar e álcool na cidade de Edéia, em Goiás. Juntas, as duas companhias criaram a Tropical Bio Energia S.A. Essa nova empresa também estuda uma segunda unidade produtora.

De novo segundo o levantamento da MB, no Paraná o milho supera a soja em rentabilidade. No Estado, o algodão não é competitivo. De acordo com o levantamento da consultoria, os produtores paranaenses de milho estão obtendo uma rentabilidade média de 72,07%, acima dos 59,58% conseguidos pelos sojicultores locais.

Mônica Scaramuzzo

Cargill constrói esmagadora no Estado

A americana Cargill investirá R$ 210 milhões na construção de uma esmagadora de soja em Primavera do Leste (MT), que terá capacidade de processamento de 3 mil toneladas de grãos por dia. Em reunião realizada com o governador do Estado, Blairo Maggi (PR), a empresa informou que a unidade entrará em operação em abril de 2009, com capacidade inicial de 2 mil toneladas de soja por dia, podendo se expandir para 3 mil toneladas por dia já em 2010, dependendo da demanda pelo mercado.

Procurada pelo Valor , a empresa confirmou as informações divulgadas pelo governo do Mato Grosso, mas preferiu não fornecer mais detalhes. A fábrica processará por ano 600 mil toneladas de soja, gerando 480 mil toneladas de farelo e 120 mil toneladas de óleo.

Além da esmagadora, o complexo industrial terá uma unidade de refino e envase para a produçãodo óleo de soja Liza, para venda nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Já o farelo será comercializado nos mercados doméstico e externo.

Para readequar custos, a Cargill fechou em junho sua fábrica de Mairinque (SP), que tinha capacidade para processar 2 mil toneladas de soja/dia. Segundo informou o governo do Estado, a fábrica da Cargill ficará no mesmo município onde a paranaense Big Frango investe R$ 450 milhões na construção de um frigorífico para abate de 500 mil aves por dia e produção de 600 mil litros/dia de biodiesel de sebo animal. A mineira Granja Mantiqueira também investe R$ 450 milhões em um aviário de 4,8 milhões de galinhas para produção de 4,5 milhões de ovos/dia.

Em Lucas do Rio Verde, o Grupo André Maggi constrói esmagadora com capacidade para 3 mil toneladas de soja/dia, que abastecerá unidades de aves e suínos da Sadia também em Lucas. Em Nova Mutum, município vizinho e que já sediaumcomplexo de aves da Perdigão, a gigante Bunge também construirá esmagadora, que substituirá sua fábrica de Rondonópolis, que tem capacidade para processar 5 mil toneladas/dia de soja.

Cibelle Bouças