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Indústria de soja investe mais com biodiesel e demanda por ração


Reuters - 27 nov 2007 - 19:07 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A demanda crescente por ração e a expectativa de um mercado próspero de biodiesel no Brasil estão estimulando a indústria esmagadora de soja a investir em novas unidades, afirmaram analistas e representantes do setor.

A gigante norte-americana Cargill Inc. tem planos de instalar uma processadora nova em Mato Grosso, que começaria a operar em 2009. Sua rival Bunge Ltd. também confirmou que pretende instalar uma unidade no Estado.

Várias empresas, incluindo Cargill e Bunge, tiveram que fechar fábricas nos últimos anos devido principalmente a fracas margens de lucro no esmagamento. Os ganhos continuaram reduzidos na operação na maior parte de 2007, mas as perspectivas estão melhorando.

"O que mudou na verdade foi o link entre soja e agroenergia. Essas operações estão todas sendo catapultadas pelo mercado de agroenergia, de biodiesel", afirmou Renato Sayeg, trader-chefe da corretora Tetras.

A adição obrigatória de 2% de biodiesel no diesel em todo o País entra em vigor em janeiro de 2008. A mistura deve subir para 5% até 2013, podendo essa meta ser antecipada.

"Hoje temos uma sobreoferta de capacidade instalada de biodiesel... mas todas (essas esmagadoras) podem ser fornecedoras de matéria-prima para o biodiesel", afirmou o analista Leonardo Sologuren, da consultoria Céleres.

A crescente demanda por ração no Brasil, para atender à indústria de carnes, também contribui para um cenário mais promissor para o esmagamento, disse o analista.

A produção brasileira de frango de janeiro a outubro atingiu 8,4 milhões de toneladas, com aumento de quase 10% sobre igual período de 2006. Já a de suínos deve atingir este ano o recorde de 2,9 milhões de toneladas, 3,5% a mais que no ano passado, afirmou a AgraFNP.

"Várias empresas de carne estão investindo, principalmente em Mato Grosso... A forma como o mercado está sendo desenhado possibilita novos investimentos no setor de esmagamento", disse Sologuren.

O grupo André Maggi também investe em uma nova planta em Lucas do Rio Verde (MT), com capacidade para esmagar 1 milhão de toneladas de soja por ano. A unidade deve começar a operar em fevereiro de 2008, quando a Sadia deverá concluir sua maior unidade de carne. Perdigão e Big Frango também estão construindo unidades no Estado.

Margens comprimidas
Os preços do óleo de soja no mercado brasileiro subiram cerca de 50% desde fevereiro, mas as margens na atividade ainda ficaram baixas durante boa parte do ano, devido principalmente à alta da soja em grão e à morosidade nas vendas da safra 2006/07 por parte dos produtores, disse Sayeg.

Além dos preços do óleo ficarem baixos até agosto, a valorização do real frente ao dólar não ajudou a indústria, ao reduzir a receita das exportações na moeda local. Os preços do óleo estão atualmente em cerca de R$ 2.350 por tonelada em São Paulo, de acordo com a Tetras.

O último investimento da Cargill no esmagamento foi concluído em 2004, quando sua sexta unidade de soja no Brasil começou a operar, em Goiás.

A companhia agora pretende investir cerca de R$ 210 milhões numa unidade em Primavera do Leste, para processar 2 mil toneladas de soja por dia a partir de abril de 2009. A capacidade seria então expandida para 3 mil toneladas/dia, provavelmente em 2010. A Cargill confirmou as informações, mas se recusou a dar mais detalhes.

A Bunge, que já tem uma unidade em Rondonópolis, também confirmou seu plano de instalar sua segunda esmagadora de soja em Mato Grosso.

A cidade escolhida foi Nova Mutum, em vez de Sorriso, porque esta última está dentro do bioma Amazônico, disse uma fonte da empresa.