A COP30, evento climático sediado em Belém (PA) e que terminou na última semana, rendeu frutos para o Brasil, mas foi um tanto limitada na discussão de questões fundamentais para o desenvolvimento do país. A análise é do professor Marcos Jank, do Insper, que estuda o setor agrícola brasileiro. “O ponto central foi (a preservação) das florestas, mas perdemos uma chance de avançar mais nas áreas de agricultura sustentável e biocombustíveis”, disse durante o Fórum VEJA Agro, nesta segunda-feira, 24, em São Paulo.
A agricultura sustentável e os biocombustíveis, como o etanol, são áreas em que o Brasil mais se destaca em relação a outros países, segundo o especialista, e por isso são tão relevantes para a economia. Cabe ao Brasil liderar essas discussões e buscar países que possam ser aliados. “Esses aliados têm que vir do mundo tropical, não acho que virão do mundo desenvolvido”, diz Jank.
O pesquisador afirma que não há “bala de prata”, uma solução única para a transição energética global. Os biocombustíveis são uma das alternativas que precisam ser exploradas, assim como a eletrificação de equipamentos hoje movidos a combustíveis fósseis, como é tendência na China.
“São soluções que o Brasil desenvolve para o mundo desde os anos 1970”, diz Jank sobre tecnologias como os biocombustíveis e técnicas sustentáveis de produção. “Mas não conseguimos ainda internacionalizar essas soluções”, conclui. O professor do Insper avalia que, apesar o Brasil ser o principal exportador de commodities agrícolas do mundo, o país evoluiu pouco na promoção de soluções mais sofisticadas.
Para o ex-secretário de Agricultura de São Paulo Gustavo Junqueira, é preciso ir além da exportação de commodities. “Estamos no limite do que essa estratégia (de venda de commodities) nos permite”, disse no fórum de VEJA. “Precisamos ir além do grão de soja, vender o produto, o combustível avançado, a tecnologia tropical”.
Felipe Erlich – Veja